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Filho do Jogo - Episódio 08

“DNA do Bicho”

Abertura:

CENA 01: (Comunidade do Cantagalo. Barraco-base. Interior. Dia.)

 

• Rico larga Cantagalo e eles se separam. O traficante começa a rir.

 

CANTAGALO (Sarcástico): Então tu quer mesmo saber de qual lado eu fiquei né, Rico? Pode deixar que eu te conto, irmão… Bom, acontece que a grana que o Batista me ofereceu pela área dessa comunidade aqui é dez vezes mais o valor que tu me deu, cara. Aí eu pensei muito e decidi que…

 

RICO (Furioso): EU NÃO TÔ ACREDITANDO NA MERDA QUE EU TÔ OUVINDO! TU FICOU DO LADO DELE, PORRA?

 

• Cantagalo retira uma arma de seu bolso e se aproxima rapidamente de Rico, colocando-a próxima à cabeça dele.

 

CANTAGALO: NÃO COMEÇA A FAZER ESCÂNDALO NÃO, CARALHO. Mas é, cara, eu fiquei do lado do Batista sim. E daí? Tu vai fazer o quê?

 

RICO (Ódio): Tu é um traidor do caralho.

 

CANTAGALO (Rindo): Tu confiou em mim porque tu quis, porra!

 

RICO: Tu vai se arrepender muito do lado que tu escolheu ficar, Cantagalo. Anota o que eu tô te falando, cara!

 

CANTAGALO (Rindo): Se o reizinho tá dizendo…

 

RICO: Eu não duvidaria da minha palavra se fosse você!

 

• Rico se retira do local rapidamente, furioso. Ele bate a porta com força quando sai. Cantagalo ri.

 

CANTAGALO (Rindo): É tu que vai rodar nesse jogo, riquinho…

 

CENA 02: (Mansão dos Veiga. Sala de refeições. Interior. Dia.)

 

• Mauricéa, Cátia, Paulão e Kelly tomando café da manhã juntos. Silêncio na mesa e comunicação apática. De repente, todos se assustam com o barulho da porta da frente abrindo. É Maria Brunessa que entra, espalhafatosa, gravando tudo.

 

MARIA BRUNESSA (Eufórica): OLHA SÓ ESSE LUXO, MEUS AMORES! Tô aqui na casa do Rico Jacarézinho, o bicheiro mais rico desse RJ! Gente, uma pilastra dessa mansão já custa a minha vida todinha, passada com P maiúsculo!

 

• Cátia e Paulão estranham ver Maria Brunessa ali; Kelly sorri, empolgada com a presença da amiga e Mauricéa se levanta da cadeira, furiosa.

 

MAURICÉA (Furiosa): Que que é isso aqui, garota?! Desliga esse celular agora!

 

MARIA BRUNESSA: Ai mona, não corta meu barato agora não, tá?

 

MAURICÉA: Você sabe com quem você tá falando, querida?

 

MARIA BRUNESSA: Ué, você não é a tia do Rico?

 

MAURICÉA (Rindo): “Tia do Rico”... Meu Deus, que lástima de nome pra me reconhecer. Eu sou Mauricéa Veiga de Oliveira, meu bem, a DONA desta casa, e eu exijo que você desligue esse telefone agora!

 

• Maria Brunessa desliga o celular e guarda, temerosa.

 

MARIA BRUNESSA (Medo): Ah… d-desculpa d-dona Mauricéa… desculpa mesmo, eu não sabia que a senhor///

 

MAURICÉA (Corta): O que você tá fazendo aqui? Quem te chamou aqui?

 

MARIA BRUNESSA: Eu sou convidada do Rico.

 

MAURICÉA: E essas malas? Veio morar aqui por acaso? Era só o que me faltava, o Rico querendo fazer da minha mansão um lugar pra abrigar pobre…

 

• Kelly interrompe a discussão, se levantando.

 

KELLY: Pode ficar tranquila, dona Mauricéa, a Maria Brunessa é uma boa pessoa. Eu mesma posso levar ela até o quarto de hóspedes.

 

• Mauricéa se senta novamente, sem responder, mas se demonstra incomodada com a presença de Maria Brunessa na casa. Kelly pega na mão da amiga e elas sobem as escadas juntas.

 

MAURICÉA (Baixo): Garotinha mais folgada…

 

CENA 03: (Mansão dos Veiga. Suíte hóspedes. Interior.)

 

• Kelly e Maria Brunessa adentram o quarto, juntas.

 

KELLY: E por último, esse aqui é o teu quarto, amiga.

 

MARIA BRUNESSA (Sorrindo): Garota! Que isso? Olha que luxo!!!

 

• Ela corre pelo quarto, analisando tudo, alisando os móveis, admirada.

 

MARIA BRUNESSA (Rindo): Eu super moraria aqui nesse quarto se não fosse incômodo, tá?

 

KELLY (Rindo): Para com isso, garota, porque tu pode morar até nessa casa se tu quiser. Tu é super bem-vinda aqui!

 

• A conversa delas é interrompida por uma sequência de notificações que Kelly recebe no celular. Ela pega para olhar.

 

MARIA BRUNESSA: Que que é isso, mulher? Tá de contatinho?

 

KELLY: Nem te conto, cara… eu tô sendo paquerada por dois irmãos ao mesmo tempo!

 

MARIA BRUNESSA (Chocada): Garota, e aí?!

 

KELLY (Rindo): E aí que eu tô me divertindo, né. Hoje eu vou dar uma trela pro segundo irmão, porque o primeiro eu já peguei. Aí eu vou ver qual me agrada mais…

 

MARIA BRUNESSA (Rindo): Eu bem vi lá você com aquele bofe no sambinha!

 

KELLY: Pois é, menina… agora deixa eu responder eles aqui, tá? Cê já tá por dentro aqui da casa, né? Qualquer coisa me chama!

 

MARIA BRUNESSA (Rindo): Pode deixar!

 

• Kelly se retira. Maria Brunessa, agora sozinha no quarto, sorri, ardilosa. Ela olha tudo ao redor.

 

MARIA BRUNESSA (Sorrindo): Ah, família Veiga… podem ir se preparando pra receber a nova moradora desse casarão aqui!

 

• Ela sai do quarto, entrando num corredor da mansão onde ficam todos os quartos. Ela procura um por até achar uma porta com o nome escrito “Rico”. Sorri, maliciosa, e entra.

 

CENA 04: (Mansão dos Veiga. Suíte Rico. Interior. Dia.)

 

• Maria Brunessa adentra o quarto, olhando todo o luxo ao redor. Vários quadros de Rico espalhados pelo quarto, muitas decorações em verde e dourado.

 

MARIA BRUNESSA: Então é aqui… é aqui que eu vou me criar…

 

• Ela olha ao redor e fecha a porta do quarto. Vai em direção ao banheiro da suíte e fecha a porta. Ouvimos o som de chuveiro ligado. Vamos nos afastando…

 

• Ao som de “” sobrevoamos o trânsito numa avenida do Rio de Janeiro, vamos nos aproximando de um carro em específico, o de Rico.

 

CENA 05: (Carro de Rico. Interior. Dia.)

 

• Rico sentado ao lado do motorista, furioso. Ele recebe uma ligação no celular, é Batista. Atende.

 

RICO (Furioso): Que que tu quer, caralho? Tu ainda tem coragem de me ligar?!

 

BATISTA (V.O. Telefone/Sarcástico): Calma, riquinho… Bom, pelo visto tu já tá sabendo dos pontinhos novos que eu coloquei na comunidade, né? Você não achou uma ótima ideia? Eu tava afim de expandir um pouquinho o meu negócio.

 

RICO (Furioso): Para de ficar me provocando e diz logo o que tu tá querendo dizer, porra!

 

BATISTA: Eu tô dizendo que o morro do Cantagalo é bem grande, rapaz. Cabe todo mundo, cabe nós dois… Eu só dei uma passadinha por lá, botei uns meninos pra trabalhar… coisa simples, sabe? Negócio é negócio, né?

 

RICO: VOCÊ INVADIU MINHA ÁREA, SEU DESGRAÇADO!

 

BATISTA: Invadir é uma palavra muito forte, Rico. Eu só ocupei as áreas que você ainda não tinha ocupado lá na tua comunidadezinha…

 

RICO: Cuidado com o que você tá fazendo… você sabe muito bem que esse território é MEU!

 

BATISTA: Teu? Nada disso, o morro é do Cantagalo e ele me vendeu uma parte, muito caro inclusive.

 

RICO: AQUELE FILHO DA PUTA É UM DUAS CARAS DO CARALHO! Mas pode deixar, vocês dois vão se arrepender muito do que tão fazendo comigo, VOCÊS TÃO CAVANDO A PRÓPRIA COVA DE VOCÊS!

 

BATISTA: Eu tava tentando ser simpático até agora, mas você não me permite. Olha, Rico… se você quer que o morro tenha só um dono, então que assim seja.

 

RICO: QUE QUE TU TÁ QUERENDO DIZER COM ISSO, PORRA?!

 

• Batista desliga na cara de Rico, deixando ele mais enraivado ainda. Ele joga o celular no banco e passa as mãos pela cabeça. Instrumental tenso.

 

• Close aéreo na comunidade do Cantagalo, vamos nos aproximando das pequenas casas.

 

CENA 06: (Comunidade do Cantagalo. Casa. Interior. Dia.)

 

• Gleici faz uma faxina na casa, quando é surpreendida por Ulisses, que adentra o local, cansado.

 

GLEICI (Sorrindo): Oi, meu amor! Como foi o plantão?

 

ULISSES (Gélido): Oi, amor. Foi bem… cansativo, como sempre.

 

GLEICI: Por quê? O que aconteceu?

 

ULISSES: Nada, vida… eu não vou te encher a cabeça com isso.

 

GLEICI: Me fala logo o que aconteceu Ulisses, você nunca foi de me esconder as coisas assim… você não tá assim por causa do plantão, eu te conheço.

 

ULISSES (Cabisbaixo): É que eu andei pensando muito esses dias… no Rico. O cara saiu daqui da comunidade e agora tá vivendo no luxo. Terno caro, carrão, respeito de todo mundo, até famoso ele tá, e tudo isso sem estudar um dia da vida!

 

GLEICI: E daí, Ulisses? Você é enfermeiro, meu amor! Tá aí salvando a vida de muita gente todo dia.

 

ULISSES: E isso me ajuda no quê, Gleici? Eu amo o meu trabalho, mas ele não me supre. Eu mal consigo pagar o aluguel, Gleici, e olha que eu trabalho em dois plantões, viro noite, tomo café frio e durmo em banco do hospital. Aí eu olho pro cara… o Rico entra pro jogo do bicho lá, se mistura com o bicho, com o tráfico, e em uma semana tá milionário. Você tem noção do que é isso?

 

GLEICI (Medo): Eu não sei onde tu tá querendo chegar com isso, Ulisses, mas por favor, nem continua essa conversa!

 

ULISSES: Por quê não? Olha em volta, Gleici! Quem tá se dando bem nesse país é quem joga sujo, porque o trabalhador honesto dá um duro danado todo dia e ainda assim morre na miséria!

 

GLEICI: Você não pode pensar assim, Ulisses. Não é porque o Rico se meteu nesse mundo que você vai achar bonito! É bom ficar rico, é bom viver no luxo, mas isso não é mais importante do que a sua vida!

 

ULISSES: Eu não tô dizendo que é bonito, eu tô dizendo que é real! O sistema é podre, amor. A gente estuda, rala, se mata, e o cara que entra pro contrabando passa vinte casas na nossa frente! Isso não é justo, porra!

 

GLEICI: E o preço disso? Tu acha que ele dorme tranquilo?! Tu acha que o Rico lida como com o fato de que qualquer dia ele pode sofrer um atentado e morrer no meio da rua? Que qualquer um da família dele pode morrer pra um time rival?

 

ULISSES: Ele não dorme tranquilo, mas talvez ele durma num travesseiro de seda, num quarto confortável, debaixo de um ar-condicionado.

 

• Gleici se aproxima dele, segurando o rosto do marido.

 

GLEICI: Você tá cansado, só isso! É plantão demais e descanso de menos... Amanhã isso vai passar e essas ideias vão sair da tua cabeça!

 

ULISSES: Não sei, não… Às vezes eu acho que eu tô é perdendo tempo, que escolhi o caminho errado… que eu deveria ter ido pelo caminho mais fácil.

 

• Gleici se aborrece com as contestações dele.

 

GLEICI (Furiosa): ERRADO É SE PERDER DE QUEM VOCÊ É, ULISSES!

 

ULISSES: EU SÓ QUERO PARAR DE ME SENTIR UM IDIOTA POR FAZER SEMPRE O CERTO!

 

GLEICI: Pra morrer antes dos 30 fazendo o errado? Ulisses, pelo amor de Deus! Pensa direitinho no que tu tá falando, homem… tu é que não sabe o que esse submundo dos ricos esconde!

 

• Gleici sai da sala, aborrecida. Foco em Ulisses, pensativo.

 

CENA 07: (Casa dos Silva. Interior. Dia.)

 

• Maria Joana faz as unhas, sentada no sofá. Luciane vem da cozinha com um pratinho de pães de queijo e café, coloca em cima da bancadinha da sala.

 

LUCIANE: Minha filha, eu fiz uns pães e passei um café pra gente maratonar nossa novelinha no GSplus!

 

MARIA JOANA (Sorrindo): Já falei que te amo hoje, mãe? Que delícia!

 

• Ela pega um pão e morde, mas não consegue engolir. A feição dela muda e podemos notar a mulher muito enjoada. Ela corre para o banheiro.

 

LUCIANE (Desesperada): MEU DEUS, MINHA FILHA! O QUE ACONTECEU?!

 

• Luciane corre atrás dela e podemos ver Maria Joana vomitando dentro da privada, no banheiro. Luciane se aproxima da filha.

 

MARIA JOANA: Não foi nada, mãe… eu só fiquei meio enjoada.

 

LUCIANE: Mas esses enjoos já tão bem recorrentes, né, minha filha?

 

MARIA JOANA (Tensa): Pior que tão… mas não, não é possível que eu esteja grávida, não agora!

 

LUCIANE: Você tem certeza, Maria Joana?

 

• Maria Joana abaixa a cabeça, em negação.

 

LUCIANE: Olha, eu vou lá na farmácia comprar um teste de gravidez e a gente vai fazer ele hoje!

 

• Maria Joana assente. Foco nelas, apreensivas.

 

CENA 08: (Comunidade do Cantagalo. Barraco-base. Interior. Dia.)

 

• Nos afastamos de uma caixa cheia de pacotes de cocaína. Ela é fechada por Cantagalo, ele a lacra com uma fita e dá nas mãos de um traficante.

 

CANTAGALO: Tá aprovado esse aqui, irmão. Pode levar lá pros cara da barreira.

 

• O traficante sai e um outro entra, se aproximando de Cantagalo.

 

TRAFICANTE: Chefe, tem um cara aí fora querendo falar contigo.

 

CANTAGALO: E quem é o cara?

 

TRAFICANTE: Não sei o nome não, mas ele disse que tu deve conhecer ele. Ele é enfermeiro.

 

CANTAGALO: Manda entrar então, né… caralho, se for quem eu tô pensando…

 

• O traficante sai e entra novamente pouco tempo depois acompanhando Ulisses, que está nervoso. Ele fica de frente para Cantagalo.

 

CANTAGALO: Ulisses?! Tu tá fazendo o que aqui, caralho? Tu não é do hospital? Vai cuidar do povo lá, pô.

 

ULISSES (Nervoso): Eu trato de gente, seu Cantagalo. Mas ultimamente, quem tem dinheiro é quem adoece os outros, né não?

 

CANTAGALO: Bonita frase, mas o que é que tu quer comigo, dotô?

 

ULISSES: Eu sei o caminho que o Rico seguiu pra chegar onde ele chegou, cara, eu tô cansado de só assistir da arquibancada esse povo entrando pro caminho mais fácil e ganhando a vida enquanto eu ralo pra um caralho e não tenho nada!

 

• Cantagalo o encara, surpreso. Eles seguem conversando, vamos nos afastando à medida que a conversa fica muda…

 

Corte rápido para a fachada da mansão dos Veiga ao som de um instrumental tenso.

 

CENA 09: (Mansão dos Veiga. Interior. Dia.)

 

• Mauricéa sentada na sala, fingindo estar abalada pela morte de Alaor. A mulher é surpreendida por Rico, que adentra a sala em fúria.

 

MAURICÉA: O que é isso, Rico?! O que foi que aconteceu?!

 

RICO: O Batista, Mauricéa… ele tá querendo roubar as minhas áreas lá na comunidade! Esse desgraçado filho de uma puta deu até a entender que vai lutar pra aquela área ser só dele!

 

MAURICÉA (Chocada): O quê?! Que merda! Ele deve tá querendo uma disputa por território, Rico. E isso é muito perigoso!

 

RICO: Nada disso! Eu vou colocar os meus homens pra agirem também, você vai ver!

 

MAURICÉA: Você não tem noção do que é uma disputa entre bicheiros, Rico. É uma catástrofe!

 

• Rico respira fundo, passando as mãos pela cabeça.

 

MAURICÉA: O melhor que você faz agora é se acalmar, tá bom? Eu vou ver o que eu consigo fazer em relação a isso…

 

RICO: Tá… tá bom. Eu vou tomar um banho, esfriar a cabeça…

 

• Rico sobe as escadas rapidamente, irado. Foco em Mauricéa, tensa.

 

MAURICÉA (Tensa): Que merda deu na cabeça do Batista?!

 

CENA 10: (Mansão dos Veiga. Suíte Rico. Interior. Dia.)

 

• Rico adentra o seu quarto, desabotoando a blusa, se preparando para tomar banho. Ele vai até a porta do seu banheiro e a abre com tudo. Ao abrir, ele se assusta ao ver Maria Brunessa tomando banho ali.

 

RICO (Assustado): AI MEU DEUS, FOI MAL AÍ!

 

• Ele fecha a porta do banheiro rapidamente e se senta na sua cama. Ele massageia a cabeça, estressado. Depois de alguns instantes, a porta do banheiro se abre e Maria Brunessa sai de lá, enrolada numa toalha. Ela se aproxima de Rico, sentado na cama.

 

MARIA BRUNESSA: Rico do céu, mil perdões por isso que aconteceu agora! É que lá no quarto de hóspedes a água do chuveiro não tava caindo direito, aí eu vim procurar um quarto pra tomar banho…

 

RICO (Nervoso): N- n- não, imagina! Eu é quem te peço perdão!

 

MARIA BRUNESSA (Rindo): Nossa, eu pensei que você fosse ficar estressado comigo por causa disso…

 

RICO: Com você? Imagina. Nunca! Inclusive, desculpa se eu pareci grosso hoje mais cedo, é que o meu dia hoje tá bem estressante e…

 

MARIA BRUNESSA: Nossa, eu tô te achando bem tenso mesmo… assim, modéstia à parte, eu sou uma ótima massagista. Será que eu posso tentar te desestressar?

 

• Rico sorri, nervoso, mas concorda.

 

RICO (Sorrindo/Nervoso): B-bom… se você tá me oferecendo uma dádiva dessas, quem sou eu pra negar, né?

 

• Maria Brunessa sorri e se aproxima dele, ficando por trás do homem. Ela começa a massagear ele, tirando a camisa dele aos poucos e começa a sussurrar no ouvido dele.

 

MARIA BRUNESSA (Baixo): Isso, relaxa, Rico…

 

• Com os movimentos que ela faz, Rico começa a soltar pequenos gemidos de prazer, perdendo a noção. Ela se aproxima de Rico no meio do ato e começa a distribuir beijos pelo pescoço dele, deixando-o excitado. Quando Rico abre os olhos, vê o rosto de Maria Brunessa bem próximo ao dele, e não resiste aos encantos dela. Eles se beijam, lentamente. Focamos no beijo quente, de língua. Eles começam a se agarrar ardentemente e Maria Brunessa muda a sua posição, deitando Rico na cama e indo por cima dele.

 

MARIA BRUNESSA (Maliciosa/Ofegante): O que é isso inchado aqui no seu bolso?

 

RICO (Rindo/Ofegante): O meu bolso tá vazio…

 

• Maria Brunessa ri e avança sobre ele, beijando-o novamente e, desta vez, vai descendo pelo corpo do homem com beijos ardentes. Vemos ela tirando uma parte da cueca de Rico e subimos a câmera para o rosto de Rico, que delira de prazer. Num foco de frente, vemos movimentos da cabeça de Maria Brunessa avançando e recuando no pênis de Rico. Corte para Maria Brunessa agora em cima dele. Rico assume o controle e eles encaixam as suas partes íntimas. Começam a se esfregar um no outro e logo os movimentos de penetração começam. Vamos nos afastando deles, transando freneticamente.

 

CENA 11: (Casa dos Silva. Interior. Dia.)

 

• Luciane espera por Maria Joana na porta do banheiro.

 

LUCIANE: E aí, minha filha? Já deu alguma coisa?!

 

• Maria Joana nada responde.

 

LUCIANE: Maria Joana, me fala alguma coisa minha filha, pelo amor de Deus!

 

• A porta do banheiro se abre e vemos Maria Joana saindo de lá, emocionada, com um teste de gravidez em mãos. Vemos que o resultado é positivo.

 

LUCIANE (Eufórica/Sorrindo): MEU DEUS, EU NÃO ACREDITO! EU VOU SER AVÓ!!!

 

• Nesta hora, Roberval também adentra a casa, e vai até eles.

 

ROBERVAL: O que aconteceu aqui, minha gente?!

 

LUCIANE: A nossa filha tá grávida, Roberval!

 

ROBERVAL (Sorrindo/Eufórico): EU NÃO ACREDITO, MINHA FILHA! QUE FELICIDADE, MEU DEUS!!!

 

• Eles estranham o fato de Maria Joana não ter reação no momento.

 

LUCIANE (Preocupada): O que foi, minha filha? Você tá pálida…

 

MARIA JOANA (Aflita): Isso não podia ter acontecido… não agora. Meu Deus do céu…

 

LUCIANE: Minha filha, isso deveria ter acontecido sim! Essa criança vai ser uma benção!

 

• Luciane e Roberval a abraçam, eles emocionados. Maria Joana tenta sorrir enquanto alisa a sua barriga. Nos afastamos deles…

 

• Sequência de cenas do Rio de Janeiro ao som de um instrumental triste. Algumas horas se passam, vemos o entardecer chegando…

 

CENA 12: (Mansão dos Veiga. Suíte Rico. Interior. Tarde.)

 

• Depois da transa, Maria Brunessa faz um carinho em Rico enquanto o homem cochila. De repente, o celular dela toca e ela atende, estressada.

 

MARIA BRUNESSA (Estressada): Oi, mãe…

 

LUCIANE (V.O. Telefone): Oi, minha filha! Onde é que você tá, hein?

 

MARIA BRUNESSA: Mãe, eu vim passar uns dias aqui na mansão do Rico, tá? Desculpa não ter avisado.

 

LUCIANE: Oi? Na mansão do Rico? Pra quê, minha filha?!

 

MARIA BRUNESSA: Eu tô aqui com a Kelly, mãe. Tá tudo ótimo! TCHAU!

 

• Maria Brunessa desliga e larga o telefone na bancada. Rico acorda ao seu lado.

 

RICO (Sonolento): Quem era?

 

MARIA BRUNESSA: Aqueles números chatos de cobrança de chip…

 

RICO: Entendi…

 

MARIA BRUNESSA: Rico, eu andei pensando aqui… que todo bicheiro de respeito precisa de uma boa esposa ao seu lado pra ser respeitado, né? Precisa de uma família, de filhos…

 

RICO: Eu concordo com isso, mas acontece que não é tão fácil arranjar uma esposa assim, né.

 

MARIA BRUNESSA: Mas eu posso resolver esse teu problema, cara! Olha… toda blogueira precisa de uma família pra ter sucesso, e todo bicheiro precisa de uma família pra ser respeitado! A gente pode ser um casal de fachada, Rico… pensa comigo!

 

RICO: Eu… eu vou pensar direitinho nisso, tá, meu bem?

 

• Ele puxa Maria Brunessa para perto e lhe dá um beijo safado. Em seguida, volta a cochilar.

 

MARIA BRUNESSA (Rindo): Homens… eles pensam que me enganam. Mas pode deixar, Rico, que eu mesma vou dar meu jeito nisso…

 

• Maria Brunessa pega seu celular novamente e se deita ao lado de Rico, numa pose bem sexy. Em seguida, ela ergue o seu celular e tira uma foto bem provocativa dos dois deitados juntos. Adora o resultado da foto e sorri, mordendo os lábios. Depois, abre o Instagram e publica a foto no seu perfil, escrevendo uma legenda.

 

MARIA BRUNESSA (Lendo/Escrevendo): As melhores noites da vida são ao seu lado… #meuamor #meurei

 

• Ela ri e termina a publicação. Em seguida, deixa o celular de lado e se deita, agora cochilando.

 

CENA 13: (Mansão Avillar. Interior. Tarde.)

 

• Ao som de um instrumental tenso, vamos entrando na mansão dos Avillar. Nos aproximamos da sala, onde Batista abre a porta para Mauricéa entrar. Ele já puxa a mulher pela cintura.

 

BATISTA (Malicioso): Ai, delícia… eu pensei que você nunca mais ia me procurar depois daquele escândalo da Helena.

 

MAURICÉA (Afastando ele/Gélida): Sai, Batista. Eu não vim aqui pra isso.

 

BATISTA (Rindo): Qual foi? Tá tristonha pela morte do corninho?

 

MAURICÉA: Eu não sei como essa tua capacidade de falar uma besteira maior que a outra ainda me impressiona. Batista, eu vim aqui pra te impedir de fazer a maior besteira da tua vida.

 

BATISTA: E qual seria essa besteira tão grave?

 

MAURICÉA: Não trava essa merda dessa guerra com o Rico, ainda mais por causa daquela área naquela comunidade imunda!

 

BATISTA (Rindo): Você não tá entendendo, Mauricéa, agora essa porra virou questão de honra!

 

MAURICÉA (Séria): Para com isso, você não tem 5 anos! Vai por mim, você vai se arrepender de jogar contra o Rico, Batista!

 

BATISTA: E porque eu me arrependeria? Tá doida, Mauricéa?

 

MAURICÉA: SE ARREPENDERIA SIM! Porque o Rico é…

 

BATISTA: O Rico é o quê?!

 

MAURICÉA (Disfarçando): Perigoso! O Rico é perigoso, e ele pode ser mais perigoso do que você imagina…

 

BATISTA: Pois fique sabendo que eu não tenho medo dele, Mauricéa. Agora, se essa era a sua preocupação… por favor, pode dar meia-volta.

 

• Mauricéa o encara, desapontada, e se retira. Foco em Batista, estranhando o papo dela.

 

• Anoitece no Rio de Janeiro…

 

CENA 14: (Restaurante. Interior. Noite.)

 

• Kelly e Rafael saem do restaurante juntos, sorrindo um pro outro.

 

RAFAEL (Rindo): Foi um jantar maravilhoso, gata!

 

KELLY: Eu também achei, gatinho. Foi tudo ótimo, muito obrigada.

 

RAFAEL (Malicioso): Mas vem cá, a gente vai prolongar a noite aonde hoje?

 

KELLY (Desconfortável): Valeu, carinha, mas eu não tô afim de prolongar. Você pode me deixar em casa, por favor?

 

• Rafael não gosta da resposta dela. Podemos vê-lo visivelmente irritado.

 

RAFAEL (Estressado): Ué, qual foi?

 

KELLY: Qual foi o quê?

 

RAFAEL: Tu não deu pro meu irmão, caralho? Não vai liberar pra mim porquê?

 

KELLY (Incrédula): Oi?! Como é que tu sabe disso, porra?!

 

RAFAEL: Vocês saíram da praia e foram lá pra casa, e passaram a noite toda juntos, deu pra ouvir tudo se você quiser saber.

 

KELLY: VOCÊ SEGUIU A GENTE? VOCÊ É DOENTE!

 

• Kelly dá um tapa estalado na cara dele, que nem se mexe, apenas segura ela perto de si, machucando-a.

 

RAFAEL (Ódio): Olha só, ou tu passa a noite hoje comigo ou tu vai correr muito perigo na minha mão…

 

KELLY: ME SOLTA, SEU DOENTE!

 

• Kelly consegue se desprender dele, dando-lhe outro tapa e saindo correndo, desesperada. Rafael a observa, com ódio.

 

RAFAEL (Ódio): Tu me paga, sua putinha…

 

CENA 15: (Casa dos Silva. Interior. Noite.)

 

• Nos aproximamos de Maria Joana, Luciane e Roberval, sentados juntos no sofá. Maria Joana mexendo no celular.

 

MARIA JOANA: E a Bru, hein, gente? Tá por onde?

 

LUCIANE: Tá na casa do Rico, minha filha… liguei pra ela e ela mal falou comigo, só disse que tava com a Kelly.

 

ROBERVAL: Já que a Bru vive postando a vida dela toda, vê aí se ela já não fez algum tour pela mansão do Rico, vai… (Rindo): tô curioso pra saber como é que é aquele casarão!

 

MARIA JOANA (Rindo): Espera que eu vou ver aqui…

 

• Maria Joana acessa o perfil de Maria Brunessa, rindo. Ela clica no storie e, ao ver o que a irmã postou, o seu sorriso some rapidamente. Ela deixa o celular cair no chão, trêmula.

 

LUCIANE (Assustada): Credo, minha filha! O que aconteceu?!

 

MARIA JOANA (Chorando/Ódio): Quando eu penso que a Maria Brunessa não pode passar dos limites, ela vai lá e me prova ao contrário! Puta merda, olha isso!

 

• Maria Joana pega o celular e mostra para Luciane e Roberval a foto de Maria Brunessa e Rico. Os dois se olham, sem acreditar. Na face deles, está nítida a decepção com a filha. Foco em Maria Joana, chorando de ódio.

 

MARIA JOANA (Possessão): OLHA, A SURRA QUE VOCÊS NÃO DERAM NESSA GAROTA A VIDA TODA EU VOU DAR AGORA!

 

• Maria Joana pega uma bolsa e se retira de casa, irada. Luciane e Roberval vão atrás dela.

 

LUCIANE (Desesperada): ESPERA, MINHA FILHA! NÃO FAZ NADA DE CABEÇA QUENTE!

 

ROBERVAL (Desesperado): VOLTA AQUI, MARIA JOANA! CUIDADO, MINHA FILHA.

 

• Foco em Maria Joana, já tendo montado em sua moto e dando partida para longe. Luciane e Roberval aflitos, observando. Instrumental tenso.

 

CENA 16: (Mansão dos Veiga. Sala de Estar. Interior.)

 

• Algumas horas se passam e podemos ver um close aéreo na mansão dos Veiga. De relance, vemos uma moto chegando em alta velocidade e estacionando em frente à mansão. Corte imediato para a sala de estar, onde Rico, Mauricéa, Cátia e Paulão estão sentados. Um mordomo vem às pressas para dar uma notícia.

 

MORDOMO (Desesperado): Seu Rico, tem uma mulher desesperada no portão!

 

RICO (Intrigado): Uma mulher? Que mulher é essa, Patrício?!

 

MORDOMO: Ela falou que conhece o senhor! O dela é Maria…

 

RICO: Joana? Maria Joana?!

 

MORDOMO: Isso! Maria Joana!

 

RICO: Deixa ela entrar, Patrício! Por favor.

 

• O mordomo se retira, apressado.

 

MAURICÉA: Você enlouqueceu de vez, Ricardo?! Vai deixar qualquer uma ficar entrando assim aqui em casa?!

 

CÁTIA: Mas pra Maria Joana ter vindo aqui, deve ter sido alguma coisa muito grave!

 

• Maria Joana adentra a sala da mansão, furiosa.

 

MARIA JOANA (Furiosa/Ofegante): Boa noite, gente, desculpa esse jeito de chegar, mas é porque eu preciso resolver uma coisa muito séria com a Maria Brunessa…

 

RICO: Com a Maria Brunessa? O que aconteceu, Jô?!

 

MARIA JOANA: Você vai me jurar que não sabe o que aconteceu, Ricardo?! Eu me impressiono com o quanto vocês são sonsos, puta que pariu!

 

• Escutando as vozes, Maria Brunessa vem descendo a escada, tensa. Quando ela avista Maria Joana, paralisa. Elas se encaram, rivais.

 

MARIA JOANA (Furiosa): ERA CONTIGO MESMO QUE EU QUERIA FALAR, SUA PIRANHA!

 

• Toda a família chocada com a forma com a qual Maria Joana se refere à irmã.

 

MARIA BRUNESSA (Tensa): Olha só, Maria Joan///

 

MARIA JOANA (Cortando/Chorando/Furiosa): OLHA SÓ O CARALHO, GAROTA! Meu Deus do céu, quando eu penso que você não pode piorar, você vai lá e se supera, Maria Brunessa! Puta que pariu! CADÊ O SEU CARÁTER, GAROTA?!

 

RICO: SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊS EXPLICAREM SOBRE O QUE VOCÊS TÃO FALANDO?!

 

MARIA JOANA: NÃO SE FAZ DE SONSO, RICO! Ou você vai querer me contar como foi a sua deliciosa trepada com a minha irmã?!

 

• Super close no rosto de todos, chocados. Rico se levanta, tenso.

 

RICO (Tenso): Como assim? Como é que tu sabe disso?!

 

MARIA JOANA: Não só eu, mas todos os seguidores dela, os milhões de seguidores que ela ganhou com essa baixaria! Ou você acha que já não deu em todos os sites de fofoca que a Maria Brunessa é a primeira dama do jogo do bicho?!

 

MAURICÉA (Incrédula): COMO É QUE É?! O QUE VOCÊ FEZ, GAROTA?!

 

MARIA JOANA: Deixa que eu te explico, dona. Essa puta aí, que eu já não posso mais chamar de irmã, teve um caso com o ex-cunhado dela, o Ricardo, e se aproveitou disso pra postar uma foto bem caliente dos dois.

 

MAURICÉA (Furiosa): EU NÃO TENHO UM DIA DE PAZ NESSA FAMÍLIA, PORRA! EU TÔ CERCADA DE GENTE IDIOTA E BAIXA! Como é que vocês me aprontam uma gafe dessas?!

 

• Maria Brunessa chorando de ódio na frente de todos.

 

MARIA BRUNESSA (Chorando/Ódio): EU FIZ ISSO MESMO, EU FIZ E NINGUÉM PODE ME JULGAR! E outra, Ricardo, se prepara porque agora nós somos mesmo um casal, tá? E é pra valer! Porque basta tu terminar isso que a tua reputação de bicheiro e o teu respeito caem de uma vez!

 

MAURICÉA: Infelizmente eu vou ter que concordar com a micheteira aí… agora tu vai segurar isso, Ricardo… essa família não pode sofrer mais um escândalo. JÁ CHEGA!

 

RICO (Furioso): QUE INFERNO!

 

MARIA BRUNESSA (Chorando/Sarcástica): INFERNO?! OU VOCÊ VAI DIZER QUE NÃO GOSTOU DA TRANSA DELICIOSA QUE A GENTE TEVE?! VOCÊ SÓ FALTOU SE ESBALDAR EM MIM, RICO! ASSUME QUE A MARIA JOANA NUNCA TE PROPORCIONOU COISA ASS///

 

• O absurdo que Maria Brunessa fala é cortado abruptamente por um tapa estalado de Maria Joana, que avança até a irmã e começa a bater nela incansavelmente.

 

MARIA JOANA: PUTA! É ISSO QUE VOCÊ É! VOCÊ TEM UMA ALMA DE GENTE RUIM, GAROTA!

 

MARIA BRUNESSA: ME SOLTA, PORRA! ME LARGA, MARIA JOANA!

 

• Maria Joana puxa ela pelos cabelos e a joga no sofá. Rico avança para separar elas, mas é em vão. Toda a família se afasta, apenas assistindo a surra merecida que Maria Brunessa está levando. Maria Joana enfim sai de cima da irmã, após deixar a cara dela bem marcada.

 

MARIA JOANA: Faça bom proveito da sua nova vida, Maria Brunessa! Eu espero que você e o Rico se casem, tenham filhos e espalhem essa raça ruim de vocês pelo mundo aí! VÃO PRA CASA DO CARALHO VOCÊS DOIS! VOCÊS DOIS SE MERECEM!

 

MAURICÉA: Eu te acompanho até a porta, querida. Gostei de você!

 

• Mauricéa e Maria Joana saem juntas. Close em todos na sala: Rico anda de um lado para o outro, sem saber o que fazer, com as mãos à cabeça. Cátia e Paulão abraçados, observando todo o escândalo, chocados. E por último, Maria Brunessa, chorando de ódio no sofá. Vamos nos afastando da família. A tela escurece.

 

• Ao som de “Bezerra da Silva - É o Bicho É o Bicho”, a tela clareia novamente. Vamos passeando pelo Rio de Janeiro, os pontos turísticos mais bonitos. Uma legenda surge no canto da tela: “Dias Depois…”. Vamos caminhando pela trajetória de diversos personagens durante esse tempo: Maria Joana, Luciane e Roberval junto com a escola de samba, ensaiando para o Carnaval, podemos notar a barriga de Maria Joana dando indícios, mas nada demais. Cantagalo, Caveira e Ulisses juntos em operações do tráfico, eles aceitando bem Ulisses ali no meio. Gleici chorando em casa sozinha por Ulisses ter entrado para o tráfico. Helena em seu flat, alternando entre mexer no seu computador e armazenar arquivos contra Mauricéa e transar com Caveira alguns dias na semana. Marcelo e Kelly saindo juntos cada vez mais. Rafael chateado, olhando o perfil de Kelly na internet. Batista fazendo reuniões recorrentes com Cantagalo, realizando muitos acordos. Por último, nos aproximamos da família Veiga: Rico, Cátia, Paulão, Kelly e Maria Brunessa, todos sentados à mesa. Maria Brunessa e Rico lado a lado, e Maria Brunessa com um anel no dedo, indicando que eles estão num relacionamento. Nos aproximamos deles…

 

CENA 17: (Mansão dos Veiga. Sala de Refeições. Interior. Dia.)

 

• Rico, Maria Brunessa, Cátia, Paulão e Kelly sentados à mesa. Mauricéa vem chegando, descendo as escadas. Ela para em frente à família para dar um aviso.

 

MAURICÉA: Bom dia, família. Bom, eu vou ser bem rápida e bem direta aqui. Ultimamente, todos vocês viram que a nossa família foi alvo de diversos escândalos… principalmente envolvendo os novos membros que entraram…

 

• Maria Brunessa ajeita os cabelos, debochada, fingindo que não foi com ela.

 

MAURICÉA: E envolvendo também a morte do meu querido marido Alaor. Com isso, eu acho que já é hora de resolver todos esses escândalos, não é?

 

RICO: Como assim?

 

MAURICÉA: A nossa família vai prestar entrevista para um jornal, e nós vamos esclarecer todas essas gafes que nos afetaram… “esclarecer” do nosso jeitinho, se é que vocês me entendem.

 

MARIA BRUNESSA (Eufórica): AI QUE TUDO APARECER NA TV!

 

MAURICÉA: Contenha os seus ânimos, garota. Enfim… se preparem, se arrumem porque o pessoal do jornal vai chegar daqui a pouco aqui na mansão. E Rico, não precisa se preocupar porque eu já prestei nota dessa entrevista na cúpula. Em meia hora eu quero todos prontos aqui. Cátia, Paulão, Kelly… vocês não precisam participar se não quiserem, tá? O que importa aqui é o Rico, a Maria Brunessa e eu, é claro.

 

• Mauricéa se retira. Toda a família se encara, aflita.

 

MARIA BRUNESSA: Kelly, amiga, me ajuda a fazer aquela make babado que só você sabe fazer!

 

KELLY (Gélida): Amiga? Sua? Nunca, Maria Brunessa…

 

• Kelly se levanta e se retira. Cátia vai atrás dela.

 

PAULÃO: Eita, pesou o clima, né… eu vou lá também.

 

• Paulão se retira em seguida. Apenas Rico e Maria Brunessa ficam na mesa.

 

MARIA BRUNESSA: Rico… você no fundo tá feliz com o nosso relacionamento, não tá?

 

RICO: Eu tô aprendendo a ficar… bom, vamo se arrumar?

 

CENA 18: (Flat de Helena. Interior. Dia.)

 

• Instrumental tenso. Nos aproximamos do flat de Helena, onde ela passa um batom vermelho e se ajeita em frente ao espelho.

 

HELENA: É hoje, Mauricéa, hoje é o seu fim… hoje você me paga, sua vadia!

 

• Focamos numa bancada próxima a Helena, onde ela pega um pequeno pen drive e guarda na sua bolsa, sorrindo.

 

HELENA (Emocionada): É por você também, Alaor… a tua morte não vai passar em vão, meu amigo!

 

• Helena se recompõe e se retira, confiante.

 

CENA 19: (Mansão dos Veiga. Interior. Dia.)

 

• Equipe do jornal em peso montando os equipamentos na sala de estar da mansão. Cortes descontínuos de todos se preparando para dar as suas respectivas entrevistas. Rico, Mauricéa e Maria Brunessa se sentam no sofá, tendo maior foco. E Cátia, Paulão e Kelly ficam mais distantes, sem foco na câmera. Uma jornalista se posiciona e começa a entrevista.

 

JORNALISTA: Bom dia, família Veiga. Tudo bem?

 

• Todos a cumprimentam muito bem.

 

JORNALISTA: Bem, comecemos a nossa entrevista perguntando para o Ricardo Veiga… Rico, todos já sabemos que a sua trajetória até o jogo do bicho foi bem impressionante. Agora nós podemos ver que você tá se tornando bem poderoso e pelo visto está construindo uma família, hein? Será que o casal pode falar um pouco pra gente sobre o relacionamento de vocês?

 

RICO (Sorrindo): Ah, a Maria Brunessa torna os meus dias mais leves, ela é o amor da minha vida, sem sombra de dúvidas. Eu amo muito a minha mulher!

 

MARIA BRUNESSA: O meu namorado é o homem da minha vida! Nós estamos aí com planos de casar, ter os nossos filhinhos… acompanhem mais da nossa vida lá no meu insta @webdiva_mariabru_oficial! Lá eu posto tudo da nossa vidinha!

 

• Eles se beijam e sorriem para a câmera.

 

JORNALISTA: Agora nós gostaríamos de destinar a pergunta à matriarca da família, senhora Mauricéa Veiga. Mauricéa, nós gostaríamos de, primeiramente, prestar as nossas condolências ao desaparecimento do seu marido Alaor Veiga e gostaríamos de saber se já existem novas informações sobre ele e se podemos ajudar em algo.

 

MAURICÉA: Muito obrigada, primeiramente. (Chorando): Desculpa, é que eu fico muito emocionada quando falo do Alaor porque ele não merecia nada disso que aconteceu, ele é um homem maravilhoso e sempre vai ser, independente de qualquer coisa. Bom…

 

• Nesta hora, a fala de Mauricéa é interrompida pela campainha da mansão. Rico faz sinal para que o mordomo vá abrir e Helena adentra a casa, surpreendendo a todos.

 

MAURICÉA (Assustada): O que é que você tá fazendo aqui, Helena?!

 

HELENA: Eu vim até aqui pra provar à todos vocês que esse desaparecimento do Alaor é uma grande farsa! O ALAOR FOI ASSASSINADO!

 

• Todos chocados.

 

MAURICÉA (Chorando/Tensa): ALGUÉM TIRA ESSA MULHER DA MINHA CASA, PELO AMOR DE DEUS!

 

HELENA: Me expulsem se quiserem, mas antes vocês vão ter que me escutar!

 

• Ela retira um pendrive da sua bolsa e mostra para todos.

 

HELENA: Esse pendrive aqui guarda o último vídeo que o Alaor gravou antes de “desaparecer”! Só assistindo, vocês já vão ter uma noção de quem o matou.

 

MAURICÉA: VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE EXPOR O MEU MARIDO ASSIM!

 

RICO: Helena, eu quero ver o vídeo!

 

• Mauricéa se choca com a imposição de Rico. Helena sorri, satisfeita. Rico se levanta e vai até ela, pegando o pendrive.

 

RICO: Vamos ver que evidências são essas que esse tal vídeo esconde…

 

• Rico se aproxima da TV e encaixa o pendrive na TV. Um vídeo se abre e todos assistem, atentos.

 

VÍDEO - ON

 

• Vemos Alaor posicionando o celular para gravar. Ele foca no documento que tem em mãos.

 

ALAOR (Tenso/Baixo): Helena, eu achei esse documento, ele é muito importante… eu não sei nem como eu posso te falar isso, então eu só vou ler…

 

• Ele posiciona o documento em mãos e começa a ler ele.

 

ALAOR (Lendo/Tenso): “05 de julho de 1996”… “Ricardo Veiga de Oliveira. Certifico, para fins de identificação, que Ricardo Veiga de Oliveira, nascido em cinco de julho de mil novecentos e noventa e seis, é registrado como filho de Mauricéa Veiga de Oliveira, conforme consta nos arquivos deste serviço. Documento emitido para comprovação de vínculo familiar…”

 

• Alaor respira fundo, abalado.

 

ALAOR (Aflito): Você não entendeu errado, Helena… o Rico… ele é filho da Mauricéa.

 

• Ele desliga a câmera.

 

VÍDEO - OFF

 

• Instrumental tenso chega no ápice. Super close alternando no rosto de todos na sala. Mauricéa chora em silêncio, gélida, vulnerável. Focamos em Rico, que chora, em choque, ao mesmo tempo que está furioso. Ele deixa o controle da TV cair no chão e se apoia no primeiro cômodo que vê pela frente, incrédulo. O jornal filmando e fotografando o momento.

 

RICO (Incrédulo/Ofegante): Que merda tá acontecendo? Que porra é essa… QUE PORRA É ESSA?!

 

• Ele se aproxima de Mauricéa, chacoalhando ela repetidas vezes. A mulher chora, inerte.

 

RICO (Chorando/Furioso): ME EXPLICA ISSO! ME EXPLICA AGORA QUE PORRA É ESSA, MAURICÉA!

 

• Foco em Mauricéa, sem conseguir responder nada para ele, em prantos. Escândalo feito na sala, o jornal filmando tudo.

 

(FIM DO EPISÓDIO)

17/11/2025

 

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