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Filho do Jogo - Episódio 07

“Contando as fichas”

Abertura:

CENA 01: (Mansão dos Veiga. Suíte Casal. Interior. Noite.)

 

• Mauricéa larga a arma no chão, assustada. Ela se levanta e vai até o corpo de Alaor, sem acreditar no que fez. Ela toca o rosto do homem, desfigurado por conta do tiro e quase vomita, se afasta imediatamente.

 

MAURICÉA (Desesperada/Baixo): Que merda que eu fiz? Que merda eu fiz?!

 

• Ela coloca as mãos sobre a cabeça e começa a andar em círculos pelo quarto, pensando no que pode fazer em relação àquilo. Começa a chorar, entrar em pânico.

 

MAURICÉA (Tensa/Chorando): Pensa, Mauricéa, pensa… como é que eu vou resolver essa merda? Inferno, inferno, inferno…

 

• Ela volta a olhar para o corpo de Alaor e volta para perto dele. Ela estica o homem, desdobra os braços dele e o deixa na posição estrela no chão, com as pernas e braços bem abertos. Para na frente dele, analisando o que pode ser feito. Logo, ela levanta a cabeça, gélida, tendo uma ideia. Ela sai do quarto às pressas.

 

CENA 02: (Unidos de Cantagalo. Salão. Interior. Noite.)

 

• “Alcione - Quando eu contar (Iaiá)” tocando ao fundo. Maria Joana se diverte no meio de uma roda de samba formada por todos ali. Algumas pessoas tocam instrumentos em volta e outras sambam dentro da roda. Batista, já bastante bêbado, se aproxima dela, malicioso. Ela se sente desconfortável ao ver ele se aproximando, mas ignora, até que sente o rapaz segurando o seu braço.

 

BATISTA (Embriagado): Bora dançar um sambinha, bora, morena?

 

• Maria Joana se desprende dele.

 

MARIA JOANA (Séria): Não, com licença.

 

• Batista se aproxima mais ainda dela e dessa vez agarra a mulher pela cintura. Maria Joana horrorizada com a atitude dele. Ele se aproxima do pescoço dela e fala perto do ouvido.

 

BATISTA (Malicioso): Para de marra vai, eu bem sei que tu quer…

 

• Maria Joana começa a se contorcer e bater em Batista para se soltar dos braços dele. Algumas pessoas em volta começam a perceber e um burburinho começa.

 

MARIA JOANA (Desesperada/Ódio): ME SOLTA, SEU NOJENTO! ME LARGA, PORRA!

 

RICO (V.O.): LARGA ELA, BATISTA. AGORA!

 

• Maria Joana consegue se desprender de Batista e dá um tapa estalado na cara do homem, que bambeia. Ela respira ofegante, com ódio. Luciane corre para agarrar a filha e levá-la para longe. Rico se aproxima de Batista no meio da roda de samba, olhando para o homem com raiva. Eles se desafiando no meio de todos. O samba que estava tocando se encerra na hora.

 

RICO (Furioso): EU FALEI PRA TU NÃO ENCOSTAR NELA, CARALHO!

 

BATISTA (Embriagado/Sarcástico): Que que é hein, Rico?! Tu já deu umas comidinha nessa morena, agora é a minha vez! Sabe como é essas coisas de bicheiro, né? Cada um quer meter a mão no que é do outr///

 

• A fala de Batista é cortada por um soco forte de Rico, que faz o homem cair com tudo no chão. As pessoas gritam ao redor, alguns espantados com o soco e outros torcendo por Rico. Batista se levanta, limpando o sangue e avança sobre Rico, revidando o soco que o rapaz lhe deu. O soco vai na boca de Rico, que sangra. Rico não suporta aquilo e vai pra cima de Batista com ainda mais ódio, deitando o homem no chão e indo por cima, dando repetidos socos na cara dele. Eles rolam no chão, se batendo bastante. Batista faz de tudo para mudar a posição da luta e agarra Rico pelo colarinho da blusa, batendo cabeça com cabeça e deixando Rico um pouco desnorteado. Batista aproveita para ir por cima dessa vez desferir um soco no nariz de Rico, que jorra sangue. Os dois começam a se atracar violentamente no chão e Rico consegue dominar a briga e bater mais do que Batista. Os gritos ao redor se dividem entre quem pede para Rico parar com a brutalidade e quem torce para que Rico acabe com a raça de Batista. Rico agora agarra Batista pelos cabelos e começa a bater a cabeça do homem repetidas vezes no chão. Os homens ao redor veem que a situação está começando a passar dos limites e vão segurar Rico. Roberval, Paulão e Ulisses são quem vão segurar Rico, afastando ele de Batista antes que ele o mate de tanta porrada. Maria Joana encara aquilo tudo, muito tensa, chorando, abraçada à Luciane. Antes que Roberval, Paulão e Ulisses possam levar Rico para longe de Batista, ele coloca o dedo na cara do homem, machucado no chão.

 

RICO (Furioso): ISSO FOI PRA TU NUNCA MAIS MEXER COM MULHER NENHUMA NA TUA VIDA, SEU DESGRAÇADO!

 

• Algumas pessoas aplaudem Rico pela atitude. Os homens levam ele para longe, bem machucado. Foco em Batista no chão, colocando as mãos sobre os machucados e gemendo de dor. Maria Joana encara ele, chorando de ódio. Burburinho generalizado no samba.

 

CENA 03: (Praia. Exterior. Noite.)

 

• Instrumental suave tocando ao fundo. Kelly e Marcelo passeiam pela praia, de mãos dadas, conversando, sorrindo um para o outro.

 

KELLY (Rindo): Meu Deus do céu, você me fez rir mais em cinco minutos do que eu ri a vida toda, garoto! E olha que é bem difícil me fazer rir, hein?

 

MARCELO (Rindo): Esse é o meu dom, gatinha. Te garanto que se você passar o resto dessa noite comigo, eu vou te fazer entrar no Guiness Book por ser a garota que mais deu risada no mundo!

 

• Kelly ri e dá um tapa no ombro dele.

 

KELLY: Ai, será que eu passo o resto da minha noite na companhia do playboy engraçadinho?

 

MARCELO: Posso tentar te convencer?

 

KELLY: À vontade.

 

MARCELO: Pra começar, o playboy engraçadinho iria adorar ter a companhia desta bela mulher ao seu lado para compartilhar a noite. (Flertando): E depois, estamos bem descompromissados hoje, né? Nossa família toda tá naquele sambinha, ninguém nem deve ter notado que a gente sumiu…

 

KELLY: Tá bom, playba, você ganhou, me convenceu. Por onde a gente pode começar a se divertir na nossa noitada?

 

• Marcelo toca a boca dela, que sorri.

 

MARCELO: Pode ser por aqui?

 

• Kelly sorri e apoia os braços na nuca dele. Eles aproximam os rostos lentamente e se beijam, atraídos. Um beijo demorado, calmo. Desfocamos do beijo deles e vemos um carro passando ao fundo e estacionando em frente à praia, este carro abaixa os vidros e vemos que se trata de Rafael, olhando para os dois com um olhar quase que possesso. Voltamos para o beijo quente e lento do casal.

 

CENA 04: (Mansão dos Veiga. Suíte Casal. Interior. Noite.)

 

• Instrumental tenso. Nos aproximamos da grande mansão dos Veiga de Oliveira. Cortamos rapidamente para o interior da suíte de Mauricéa e Alaor e podemos logo ver o corpo de Alaor estirado, sozinho no quarto. O celular dele vibra no bolso com algumas notificações. Ouvimos passos distantes e logo Mauricéa adentra o quarto, foco no rosto dela, com uma expressão fria, fecha os olhos e respira fundo antes de fazer o que pretende. A câmera abaixa lentamente pelo corpo dela até que vemos as mãos da mulher: em uma mão, ela segura uma enorme tesoura de jardineiro; na outra, segura um pacote de sacos de lixo. A mulher também usa um avental de jardineiro e luvas. Ela vai se aproximando lentamente do corpo de Alaor e larga todos os utensílios ao lado dele, exceto a tesoura. Esta, ela ergue para o alto e, tal qual um filme de terror, desce-a bruscamente em direção ao corpo de Alaor, iniciando o processo de esquartejamento. O sangue respinga no rosto dela e ouvimos um osso quebrando e o som da carne de Alaor sendo cortada. Close aéreo na cena e podemos ver que Mauricéa começou a fatiar o corpo pelos braços. Ela quase vomita algumas vezes, mas não desiste do objetivo. Ela corta os dois braços do homem e os deixa de lado. Ela limpa o suor da testa e analisa qual a próxima parte que irá cortar. Desliza a tesoura pelo corpo do homem até chegar na virilha. Lá, ela começa a cortar as pernas dele fora. Termina a ação com êxito e separa as coxas dos joelhos para ficar mais fácil o ocultamento após o esquartejamento. Restando o tronco do rapaz, Mauricéa guia a tesoura até a cabeça dele desta vez e abre-a, deixando o pescoço dele entre as duas pontas abertas da tesoura. Fecha a tesoura, mas não termina de cortar o pescoço dele fora. Pela tesoura já estar cega dos desmembramentos anteriores, é preciso agora que Mauricéa force a ferramenta algumas vezes até conseguir arrancar a cabeça de Alaor fora de uma vez, mas depois de muito esforço, ela enfim consegue. Olha para o alto e respira aliviada. Depois de tudo, vai para a parte mais difícil: o tronco dele. Por ser a maior parte, ela não faz ideia de por onde começar e decide fazer algo inesperado. Ela guia a tesoura até o peito dele e faz um corte, abrindo todo o tronco do rapaz. Ela bate a tesoura ali algumas vezes para conseguir quebrar os ossos dele e ficar mais fácil a remoção dos órgãos e ossos ali. Com a tesoura, ela começa a arrancar todos os órgãos do homem, e os ossos dele também. É um trabalho árduo, mas ela consegue remover um por um, deixando apenas a pele dele. Agora, Mauricéa separa cada parte do corpo que despedaçou num canto e começa a abrir os sacos plásticos. Cortes descontínuos dela guardando parte por parte do corpo em sacos diferentes. Em seguida, ela empilha todos os sacos e deixa num canto do quarto. Ela enrola o tapete que estava no chão, completamente banhado de sangue e coloca num dos sacos plásticos também, juntando a todo o resto. Ao fim da ação, focamos no rosto dela, completamente fria, levemente perturbada com o que acabou de fazer, mas com a consciência leve de que fez aquilo para salvar a própria pele. Agora, ela se aproxima do seu guarda-roupa, abre-o e retira um casaco preto com capuz do fundo dele. Imediatamente, veste a peça de roupa e se aproxima dos sacos onde toda a cena do crime está empacotada. Ela respira fundo, imaginando o trabalho que vem pela frente.

 

CENA 05: (Mansão dos Veiga. Exterior. Noite.)

 

• Mauricéa passa pelo gramado da mansão carregando os sacos plásticos com dificuldade e, por conta do peso deles, ela precisa levar dois sacos por vez. Acompanhamos o trajeto dela e vemos que ela estoca todos os sacos no porta-malas do carro. Em seguida, adentra o veículo e coloca as mãos no volante, tremendo um pouco, mas tentando se manter gélida.

 

MAURICÉA (Fria): Calma, mulher… você tem que manter a calma. Você fez o que fez pra se proteger, porque o segredo que esse homem descobriu poderia acabar com a sua vida. Então calma, você só fez o justo… Tá tudo bem…

 

• Ela liga o carro e avança com o veículo, saindo da mansão às pressas. Close aéreo na trajetória que o carro dela faz. Ao som de um instrumental tenso, vamos nos afastando.

 

CENA 06: (Unidos de Cantagalo. Salão. Interior. Noite.)

 

• Batista se levanta do chão com dificuldade, sendo vaiado por uma boa parte dos presentes ali. O homem encara todos, com raiva.

 

BATISTA (Furioso): O QUE É, CARALHO? ESSE BANDO DE POBRE MISERÁVEL QUERENDO VIR RECLAMAR COMIGO. VOCÊS SABEM COM QUEM VOCÊS TÃO FALANDO?! VOCÊS TÊM É QUE ME RESPEITAR, PORRA!

 

• Alguns homens, incrédulos com os absurdos que Batista fala, se juntam e avançam para cima dele, mas ao longe os seguranças de Batista vêm correndo para protegê-lo. Eles seguram Batista e barram o restante dos homens de se aproximarem do rapaz. Mesmo assim, os homens ainda tentam avançar nele.

 

ROBERVAL (V.O.): Podem parar com isso, agora! Esse homem já foi castigado o suficiente, já nasceu castigado por ser esse demônio que ele é!

 

• Os homens abrem espaço para Roberval, que vem se aproximando de Batista. Fica frente a frente para ele.

 

ROBERVAL: Quando esses bacana do teu tipo vem aqui na comunidade pra conhecer o nosso trabalho que é o nosso samba, nós pensamos que vocês nutrem pelo menos um pouco de respeito e admiração pelo que a gente faz, mas pelo visto não, né? Gente da tua laia vem num lugar como esse pra comprar a gente! Pra comprar trabalhador honesto que rala todo dia pra manter essa escola funcionando! (Furioso): E ainda por cima tem coragem de fazer uma safadeza dessas com a MINHA FILHA! Você é um ser-humano podre, seu Batista! Aqui, você nunca mais vai ser bem-vindo! TÁ OUVINDO? NUNCA MAIS! E eu espero que Deus te castigue todo santo dia de uma forma que você se arrependa de ter nascido. Sabe porquê? Porque o seu castigo é ser você mesmo! É estar aprisionado dentro do corpo de um DEMÔNIO! É ISSO QUE VOCÊ É!

 

• Batista finge que não, mas aquelas palavras afetam ele. O homem tenta manter sua pose de arrogante.

 

BATISTA (Furioso): EU É QUEM NÃO FAÇO MAIS QUESTÃO DE VOLTAR NESSE ANTRO DESSA COMUNIDADE PODRE! E vocês não perdem por esperar pelo que vai acontecer aqui… anotem o que eu tô dizendo: EU VOU TRANSFORMAR ESSE LUGAR NUM INFERNO!

 

• Todos zombam da fala de Batista, olhando para ele com nojo e repulsa. Os seguranças levam ele até o seu carro e o veículo sai arrancando dali. O grupo de moradores olhando o carro dele indo embora, todos revoltados com o homem. Cortamos para outro ângulo do salão, um canto onde Rico está recebendo uma água e conversando sobre a briga com alguns moradores que tentam ajudá-lo. Ele bastante machucado por conta da briga. Ao longe, Maria Brunessa passa na frente da cena e vê Rico completamente machucado. Um pequeno sorriso se abre no canto da boca dela e ela se aproxima dele.

 

MARIA BRUNESSA: Gente, sai de cima dele, por favor!

 

• Ela toca o rosto de Rico, analisando os machucados.

 

MARIA BRUNESSA: Rico do céu, você tá muito machucado! Aquele nojento te deixou muito ferido.

 

RICO (Dor): Imagina, isso aqui logo sara. A Maria Joana tá bem?

 

MARIA BRUNESSA: Acho que sim, ela foi em casa com a nossa mãe. Agora não tenta bancar o casca dura, vai… vem cá comigo, eu vou cuidar desses machucados seus!

 

CENA 07: (Unidos de Cantagalo. Salão. Banheiro. Interior.)

 

• Maria Brunessa adentra o banheiro com Rico e pede para que ele se sente numa das privadas para que ela possa fazer um curativo nele. A garota com um pequeno kit de primeiros socorros em mãos. Ela vai até Rico com um pano com álcool.

 

RICO (Rindo): E desde quando cê sabe fazer curativo, garota?

 

MARIA BRUNESSA: Nessa vida a gente tem que saber de tudo um pouco, more. Pode deixar que eu vou ser uma ótima enfermeira. (Rindo): Enfermeira com E maiúsculo!

 

• Ela olha para a blusa de botão de Rico e nota que há marcas de sangue nela. Como quem não quer nada, mas já com segundas intenções, ela arma o bote.

 

MARIA BRUNESSA: Ah… será que você pode desabotoar um pouco da sua blusa, Rico? O teu peitoral tá bem machucado e é bom a gente cuidar disso também.

 

RICO: Ah, claro.

 

• Rico desabotoa alguns botões, mostrando o peitoral. Maria Brunessa tenta disfarçar o que sente ao olhar para o corpo dele. Ela se aproxima de Rico e coloca uma mão no pescoço dele, fazendo com que fiquem bem próximos, e a outra mão, ela usa para passar o paninho com álcool nos ferimentos do rosto. Ela faz tudo isso com bastante lentidão. Em alguns momentos, ela e Rico trocam alguns olhares. Ela termina de limpar os machucados do rosto dele.

 

RICO (Rindo): Ardeu um pouquinho.

 

MARIA BRUNESSA: Ah, mas valeu a pena, tá? Tá limpinho já o teu rosto. Agora vamo pro peitoral.

 

• Ela toca o peitoral de Rico para “sentir onde estão os machucados”, e nota que Rico treme um pouco com o toque dela, além do fato deles estarem bem próximos. Ela começa a passar o pano com álcool pelo peitoral dele, limpando os machucados e, consequentemente, deixando um pouco molhado. Propositalmente, ela passa o pano com álcool em cima dos mamilos de Rico enquanto olha para ele, fazendo com que o homem sinta uma pontada de prazer ao sentir o álcool gelado passando por cima de seus mamilos. Tensão sexual entre eles. Maria Brunessa adorando a situação.

 

MARIA BRUNESSA: Rico… tiveram alguns machucados mais pra baixo. Dá pra tirar a camisa toda? (Rindo): É só que com ela assim fica difícil de limpar tudo.

 

RICO (Nervoso): C- claro… eu tiro, sim.

 

• Começa “Major Lazer ft. Anitta & Pabllo Vittar - Tua Cara” e, em câmera lenta, Rico desabotoa e tira toda a blusa, revelando todo o peitoral. Maria Brunessa dá uma risada sexy e Rico percebe, rindo também. A mulher passa a mão pela nuca dele e usa a outra mão para limpar os ferimentos. Eles trocam um olhar mais intenso agora. Como que um ímã, os dois no ápice do tesão vão aproximando os rostos até quase se beijarem, já abrindo as bocas. Até que Rico interrompe.

 

RICO (Nervoso): Bru, eu não…

 

MARIA BRUNESSA: Imagina, eu também não… enfim. Tá tudo limpinho aí os machucados, tá?

 

RICO: Pô, brigadão. Sei nem como te agradecer.

 

MARIA BRUNESSA (Rindo): Ah, mas eu sei! Me chama pra ir curtir uma piscina naquela casona lá, cara!

 

RICO (Rindo): Pois bem, tá convidada! Passa lá quando quiser, tá?

 

• Maria Brunessa pula de felicidade e abraça Rico. Dá um beijo lento e demorado na bochecha dele. Rico quase deixa escapar um sorrisinho por ter gostado daquilo, mas disfarça. Ele se levanta.

 

MARIA BRUNESSA: Brigada, Rico! Olha que qualquer hora eu apareço lá de surpresa, hein?

 

RICO (Sorrindo): Vai ser um prazer te receber.

 

• Rico dá um tapinha no ombro dela e se retira, vestindo e abotoando a camisa. Maria Brunessa vê ele saindo e morde os lábios.

 

MARIA BRUNESSA (Rindo): Garota, eu não sei como você nunca pensou nisso antes!

 

• Maria Brunessa vai até o espelho do banheiro e se olha nele, se admirando.

 

MARIA BRUNESSA: Uma loura linda dessas, com um corpão desse, com uma bunda desse tamanho, uma bunda com B maiúsculo, tá? Ah, Maria Brunessa, vai ser facinho seduzir esse bofe… e o próximo passo é ser a primeira dama nessa família de bicheiro aí. (Rindo): RIQUÍSSIMA, MEU AMOR!

 

• Ela dá uma piscadinha pra si mesma no espelho e sai do banheiro, rindo e mordendo o lábio.

 

CENA 08: (Terreno baldio. Exterior. Noite.)

 

• Nos aproximamos de um terreno baldio, vazio e silencioso e ouvimos um som distante de carro chegando ao local, é o carro de Mauricéa que estaciona ali. A mulher desce do veículo e vai até o porta-malas. Lá dentro, vemos um galão de gasolina, uma pá e uma caixa de fósforo. E também os sacos plásticos onde ela guardou todos os restos de Alaor. Ela pega a pá e vai até uma área do terreno. Com muita força, começa a cavar um grande buraco. Em alguns cortes, vemos ela trabalhando arduamente para conseguir abrir a cova no chão, até conseguir. Feito isso, ela começa a descarregar os sacos do porta-malas do carro e vai em direção à cova que cavou, jogando tudo lá. Close aéreo na cena. Vemos todos os sacos já dentro da cova e Mauricéa com um galão de gasolina despejando o líquido em cima deles. Close fechado nela agora, que limpa o suor do trabalho árduo. Enfim, ela pega a caixa de fósforos e risca um, jogando na cova e rapidamente incendiando tudo que está ali. Ela respira aliviada depois daquilo, por enfim ter se livrado do corpo, ela coloca as mãos sobre o rosto e sua expressão mistura alívio com medo. De repente, ela sente algo vibrar no seu bolso, é o celular de Alaor. Na tela, vemos uma notificação: “HELENA enviou uma nova mensagem”.

 

MAURICÉA (Gélida): Então eles tavam trabalhando juntos pra me destruir… desgraçados.

 

• Ela arremessa o celular de Alaor bruscamente no fogo, agora rindo. Ela retira suas luvas e joga no fogo também, se livrando de qualquer prova possível do crime. Quando o fogo já queimou uma boa parte de tudo o que ela jogou na cova, a mulher joga a terra por cima, fechando-a e deixando o terreno novamente em seu estado normal. Depois, volta para o carro e encosta a cabeça no volante, criando forças para dirigir novamente. Ela respira fundo e liga o carro, arrancando rapidamente dali.

 

CENA 09: (Ruas cariocas. Exterior. Noite.)

 

• Marcelo e Kelly agora passeando pela rua, de mãos dadas, sorrindo. Eles tomam um sorvete.

 

KELLY: Olha, só você mesmo pra achar uma sorveteria 24 horas, hein, garoto.

 

MARCELO: É o bom de crescer rodando essa cidade toda, pode me perguntar qualquer coisinha daqui que eu conheço!

 

KELLY: Ah, é? Então me diz onde fica o bairro da Gávea.

 

MARCELO: A uns três quarteirões daqui.

 

KELLY: Tá, e onde fica o Cristo Redentor?

 

MARCELO: No Parque Nacional da Tijuca!

 

KELLY (Rindo): Tá, e agora me diz onde é que fica o lugar mais lindo da cidade.

 

MARCELO (Sorrindo): Olha, até uns momentos atrás eu achava que era na praia do Arpoador. Mas agora, eu descobri o novo lugar mais lindo da cidade… fica nos teus olhos.

 

• Kelly sorri, encantada. Marcelo passa a mão no cabelo dela, colocando uma mecha pra trás da orelha.

 

MARCELO (Sorrindo): Eu queria ter a dádiva de acordar com esses olhos me encarando todos os dias.

 

• Kelly segura o rosto dele com as mãos, fazendo um carinho.

 

KELLY (Sorrindo): Eu também queria ter o privilégio de acordar com esse sorriso lindo aberto pra mim todos os dias. Só que é um processo muito longo até isso acontecer, né? Mas quem sabe a gente não pode fazer, sei lá, uma prévia de como seria isso.

 

MARCELO: Tá brincando?

 

KELLY: Nem pensar. Vamo passar o resto da noite junto, playba.

 

• Marcelo sorri, abraça Kelly e levanta ela, rodando com a mulher na areia da praia. Eles se beijam apaixonadamente.

 

MARCELO: Você já visitou Copacabana?

 

KELLY: Levemente, não conheço muito de lá.

 

MARCELO (Rindo): Pois bem, agora você vai conhecer a melhor parte de Copacabana: a minha casa! Ou melhor, o meu quarto!

 

• Kelly ri e dá um tapa no ombro dele.

 

KELLY (Rindo/Brincando): Idiota!

 

• Marcelo carrega ela no colo como uma princesa e vai caminhando com ela até o seu carro, os dois rindo e brincando, felizes. Vamos nos afastando da cena.

 

CENA 10: (Casa dos Silva. Interior. Noite.)

 

• Luciane e Maria Brunessa abraçam Maria Joana no sofá, acalmando a mulher. Roberval vem com uma água com açúcar para acalmar a filha.

 

ROBERVAL: Aqui minha filha, isso vai te ajudar a se acalmar um pouco.

 

MARIA JOANA (Furiosa): Nada vai me deixar mais calma agora, pai. Que inferno! Aquele bicheiro safado acabou com o nosso samba, me assediou, brigou feio no meio de todo mundo… isso acaba com a visão da nossa escola!

 

MARIA BRUNESSA: Mas não podemos negar que o Batista mereceu levar aquela surra né, maninha. Caralho, eu acho que depois daquilo nunca mais aquele Batista vai encostar nem mais um dedo numa mulher.

 

LUCIANE: Ah, isso é verdade. Apesar de todo o caos, eu gostei do Rico indo te defender, minha filha. E vale ressaltar que aquele Batista nunca mais vai vir em nenhum samba nosso, esse homem vai ser barrado de todas as formas da nossa Unidos.

 

ROBERVAL: Pois é, quanto a isso vocês podem ficar tranquilas. Nem que seja a socos, eu expulso aquele homem daqui! E Maria Joana, minha filha, se acalme porque se depender do seu pai você nunca mais vai sofrer um assédio desses na sua vida!

 

LUCIANE: Exatamente. Mas lembra de agradecer ao Rico, minha filha, ele se arriscou pra te proteger daquele demônio.

 

MARIA JOANA: Eu sei, e sou muito grata a tudo o que ele fez hoje. Eu só não queria que essa confusão toda tivesse acontecido… que merda! Mas eu vou agradecer ao Rico depois, apesar de tudo.

 

MARIA BRUNESSA: Não precisa se preocupar porque eu já fiz isso por você. Eu tava ajudando ele a cuidar dos machucados, tadinho, aí já aproveitei pra dar um papo e dizer que ele foi fenomenal hoje.

 

• Maria Joana encara a irmã por um instante, estranhando o que ela disse, mas tenta disfarçar e ficar serena.

 

MARIA JOANA: Ah… obrigada então, Bru.

 

CENA 11: (Mansão Avillar. Suíte Batista. Interior. Noite.)

 

• Nos aproximamos da grande mansão dos Avillar ao som de um instrumental tenso. Corte para o interior da mansão, na suíte de Batista, onde ele adentra furioso, pisando forte no chão, bate a porta com força.

 

BATISTA (Resmungando/Furioso): Desgraçado… DESGRAÇADO! INFERNO! VAI PRO INFERNO, RICARDO VEIGA!

 

• No ápice da fúria, ele puxa um dos abajures com tomada e tudo e arremessa brutalmente no chão, quebrando-o. Ele coloca as mãos sob a cabeça, as veias do rosto saltando. Pensa muito no que fazer em relação a Rico, arquitetando uma vingança contra o rapaz. Ele se senta na sua cama e puxa o celular do bolso. Liga para um número, é para Cantagalo.

 

BATISTA: Alô?

 

CANTAGALO (V.O./Telefone): Qual que manda, irmão?

 

BATISTA: Uma hora dessa tu já deve tá sabendo que o novatinho me fez pagar um papel de ridículo aí no Cantagalo, né? Pois bem, cara, agora tá na hora de eu revidar tudo isso e eu vou precisar da tua ajuda, entendeu?

 

CANTAGALO (V.O./Telefone): E como é que eu posso te ajudar, cara?

 

BATISTA: Amanhã tu vai liberar uns homens meus pra entrarem aí na comunidade e deixarem umas coisinhas no galpão do Rico. Eu também já acertei com uns caras e eu vou implantar uns pontinhos de jogo por aí.

 

CANTAGALO (V.O. Rindo/Telefone): Batista, Batista… essa porra já tá me cheirando a confusão. O que é que tu quer com isso, mano?

 

BATISTA (Ódio): A minha intenção é provocar o Rico, até que se abra uma brecha pra eu tocar o terror nessa favela aí, cara. Você não tem noção como é uma guerra de bicheiro. Vai por mim, vai ser benéfico pra todo mundo, uma catástrofe dessas deixa até a polícia com medo de intervir. Se eu conseguir travar uma guerrinha com o Rico aí dentro, essa comunidade vai passar a ser todinha dominada pelo tráfico, irmão. Só vai mandar nessa porra aí.

 

• A cena fica muda aos poucos enquanto nós afastamos de Batista. Pelas expressões dele durante a conversa, o resultado parece ter sido positivo.

 

CENA 12: (Mansão dos Veiga. Suíte Casal. Interior. Noite.)

 

• Close fechado no rosto de Mauricéa, que sua muito. Nos afastamos e vemos ela esfregando o chão compulsivamente com uma bucha, limpando todo o resto de sangue que há ali.

 

MAURICÉA (Exausta): Que trabalho do caralho, meu Deus…

 

• Ela segue esfregando bastante, conseguindo limpar o sangue aos poucos, até que é surpreendida pelo barulho da porta de entrada da mansão sendo aberta. Ela corre até a porta do quarto e a tranca.

 

RICO (V.O./Distante): MAURICÉA, ALAOR, CHEGAMOS!

 

• Mauricéa não responde nada, tensa. Até que volta a escutar o burburinho lá embaixo.

 

RICO (V.O./Distante): Devem tá dormindo. Vamo dormir também, né? Depois de uma noite como essa…

 

• O silêncio volta a reinar na casa, fica só o barulho dos passos de Rico e da família no andar de baixo. Mauricéa respira aliviada.

 

CENA 13: (Mansão dos Veiga. Sala de estar. Interior. Noite.)

 

• Rico, Cátia e Paulão conversando.

 

CÁTIA (Preocupada): Ai meu filho, você tá bem mesmo? Eu fiquei pra morrer quando vi você rolando no chão com aquele homem asqueroso! Eu pensei que ele fosse te matar!

 

PAULÃO (Rindo): Que isso, o meu filhão tirou a melhor nessa luta aí! Só podia ter puxado ao pai mesmo…

 

RICO: Eu não consegui me segurar quando eu vi aquele homem tentando sacanear a Jô. Mas enfim, eu tô bem gente, no máximo ele me deu umas porradinhas, mas nada demais. E a Maria Brunessa me ajudou a cuidar dos ferimentos também.

 

CÁTIA: Graças a Deus, meu filho!

 

PAULÃO: Peraí, gente… eu tô dando falta de alguma coisa. Cadê a Kelly?

 

RICO: Ah, a Kelly tava lá no samba se engraçando pro lado do filho do Batista.

 

CÁTIA (Aflita): O quê?! Ai meu Deus, a família desse homem só presta pra trazer confusão!

 

PAULÃO: Eu não quero saber desse garoto machucando a minha filha, hein!

 

RICO: Pois é, mas podem deixar que amanhã eu vou conversar sério com ela sobre isso. Agora vamos dormir, né? Que essa noite foi uma noite e tanto!

 

CÁTIA (Rindo): Verdade. Boa noite, meu filho.

 

• Rico abraça Cátia e Paulão e eles sobem. Rico permanece na sala, se levanta e começa a andar de um lado para o outro, pensativo, intrigado com algo.

 

• FLASHBACK - ON

 

MARIA BRUNESSA: Rico… tiveram alguns machucados mais pra baixo. Dá pra tirar a camisa toda? (Rindo): É só que com ela assim fica difícil de limpar tudo.

 

RICO (Nervoso): C- claro… eu tiro, sim.

 

• Rico desabotoa e tira toda a blusa, revelando todo o peitoral. Maria Brunessa dá uma risada sexy e Rico percebe, rindo também. A mulher passa a mão pela nuca dele e usa a outra mão para limpar os ferimentos. Eles trocam um olhar mais intenso agora. Como que um ímã, os dois no ápice do tesão vão aproximando os rostos até quase se beijarem, já abrindo as bocas. Até que Rico interrompe.

 

RICO (Nervoso): Bru, eu não…

 

MARIA BRUNESSA: Imagina, eu também não… enfim. Tá tudo limpinho aí os machucados, tá?

 

• FLASHBACK - OFF

 

RICO (Intrigado): Ricardo, Ricardo… nem pensa uma coisa dessas, pelo amor de Deus! Vai dormir que amanhã é outro dia!

 

• Ele coça a cabeça, nervoso, e sobe as escadas rumo à sua suíte.

 

• Ao som de “Edi Rock ft. Seu Jorge - My Way”, o dia amanhece no Rio de Janeiro. Vamos passeando pelas paisagens lindas até sermos cortados para um lugar nem um pouco bonito: uma delegacia.

 

CENA 14: (Delegacia. Sala do delegado. Interior. Dia.)

 

• O delegado está sentado à sua mesa, conversando com um policial. De repente, ele é interrompido por um homem que bate à porta para dar-lhe um aviso.

 

DELEGADO: Entra!

 

HOMEM: Com licença, seu delegado, é que tem uma mulher aqui na porta dizendo que tem um assunto importante para tratar com o senhor. Ela disse que você deve conhecer ela pelo apelido de… “águia”.

 

• O delegado quase pula da cadeira, surpreso ao escutar o apelido.

 

DELEGADO (Surpreso): Meu Deus, claro, Júnior, manda ela entrar aqui imediatamente! (P/policial): A gente continua essa conversa outra hora, tá, Hugo?

 

• O policial e o homem se retiram e Mauricéa adentra a sala em seguida, sorrindo para o delegado, triunfante.

 

MAURICÉA (Sorrindo): Olá, Geraldo! Estava lembrado de mim, querido?

 

• O delegado se levanta sorridente e vai até Mauricéa para cumprimentá-la com um aperto de mãos.

 

DELEGADO (Sorrindo): Mas é claro! Como é que eu poderia me esquecer da mulher que me colocou nesse cargo aqui?

 

MAURICÉA (Sorrindo): Você tem um princípio que eu admiro muito Geraldo, que é o da gratidão.

 

• Eles se sentam.

 

DELEGADO: Você tá precisando de alguma coisa?

 

MAURICÉA: Eu preciso que você engavete um caso pra mim, que não dê seguimento a ele… em troca de uns agrados.

 

• Mauricéa retira um saco com bolões de dinheiro dentro e coloca sob a mesa do delegado, que sorri.

 

DELEGADO (Sorrindo): Ah, minha águia, nós falamos a mesma língua! Me diga o que aconteceu.

 

MAURICÉA: Eu não posso dar detalhes, mas o meu marido, o Alaor, sumiu. É só isso que eu quero que seja noticiado, apenas o sumiço dele. Não quero que seja aberta nenhuma investigação ou algo do tipo, tá bem?

 

DELEGADO: Anotado!

 

MAURICÉA: Ah, Geraldo, é sempre bom fazer negócio com você!

 

DELEGADO: Eu digo o mesmo, Mauricéa. Mas olha, você sabe que também vai ter que fazer a sua parte de esposa desolada pra evitar qualquer suspeita, não sabe?

 

MAURICÉA: Sei, pode deixar comigo, eu vou dar uma entrevista ou outra só pra imprensa se aquietar. Bom… obrigada mais uma vez, Geraldo.

 

• Eles apertam as mãos uma última vez e Mauricéa se retira, o delegado a acompanha até a porta.

 

CENA 15: (Mansão dos Veiga. Sala de refeições. Interior. Dia.)

 

• Rico, Cátia, Paulão e Kelly tomando café da manhã. Um mordomo termina de arrumar a mesa com várias comidas.

 

RICO: Patrício, a Mauricéa e o Alaor não vêm tomar café?

 

MORDOMO: Eu não sei, senhor Ricardo. Ela saiu logo cedo daqui, e o seu Alaor eu não vejo desde ontem, deve ter viajado a negócios.

 

RICO: Entendi, tudo bem então… obrigado, Patrício.

 

• O mordomo sorri e se retira.

 

PAULÃO (Rindo): Estranho isso aí de viajar às pressas desse jeito, hein. Deve ter passado a noite fora.

 

CÁTIA: Paulão, pelo amor de Deus! Não vai falar besteira!

 

RICO: Pois é pai, imagina, o Alaor é todo certinho. (Rindo): E eu acho que ele não é nem doido de trair a Mauricéa!

 

KELLY (Rindo): Vai saber o que aquela mulher esconde por trás daquela cara de enjoada!

 

• Eles riem.

 

RICO: E tu, hein, Kelly? Passou a noite aonde e com quem?

 

KELLY: Eu hein, Ricardo, veja lá se eu sou obrigada a dar satisfação da minha vida a essa altura! Sou maior de idade e vacinada, bebê.

 

RICO: Eu bem vi tu se engraçando com o filho do Batista lá, garota.

 

KELLY: Tá, onde é que tu quer chegar com isso, Rico?

 

RICO: Eu tô te dando um conselho de quem sabe das coisas, minha irmã… não se envolve com filho de bicheiro, tá? Principalmente esse filho do Batista Avillar, eu e ele a gente tem muita confusão pra resolver e eu sei que você e esse filho dele não têm nada a ver com isso, mas esse relacionamento agora pode virar um inferno tanto pra você quanto pra ele. E outra, vai saber se esse garoto não tem os mesmos pensamentos do pai, né?

 

KELLY: Meu Deus do céu, Rico! Tu tá falando parecendo que eu tô indo casar amanhã com o Marcelo. Foi só uma noite, cara!

 

RICO: Eu só tô alertando, tá? Escuta se quiser.

 

• Kelly revira os olhos e volta a comer, Rico idem. De repente, o silêncio na mesa é interrompido por Mauricéa, que adentra a casa bruscamente, batendo a porta e chorando muito. Todos à mesa ficam surpresos com a chegada dela. Um mordomo corre para acalmá-la, dando-lhe um copo d’água e direcionando ela para se sentar à mesa.

 

RICO (Tenso): Pelo amor de Deus, Mauricéa, o que aconteceu?!

 

MAURICÉA (Fingindo/Em prantos): O Alaor… O ALAOR SUMIU!

 

• Todos se assustam e se entreolham, surpresos.

 

RICO (Assustado): O QUÊ? Como assim?!

 

MAURICÉA (Chorando): Ele saiu daqui ontem dizendo que ia resolver alguns negócios numa cidade vizinha e eu fiquei esperando ele aqui, mas ele não voltou mais! Ele não responde o celular, não atende ligações de ninguém e… a polícia encontrou um carro no nome dele vazio no meio da estrada.

 

• Todos chocados com a notícia. Mauricéa segue fazendo o seu show e bebendo a água para “se acalmar”. Nos afastamos da família, aflita.

 

CENA 16: (Flat de Helena. Interior. Dia.)

 

• Nos aproximamos de Helena e Caveira deitados juntos na cama do flat de Helena. Eles seminus, fumando juntos, conversam. A mulher muito pensativa.

 

CAVEIRA: Caralho… quantas vezes eu vou ter que te falar que tu me leva no céu, sereia?

 

HELENA (Rindo/Tensa): Você também é um delírio, gato…

 

• Caveira se aproxima dela e faz um carinho no rosto da mulher.

 

CAVEIRA: O que tá acontecendo? Eu fiz alguma coisa errada?

 

HELENA: Não, sou eu que tô muito intrigada com uma questão…

 

CAVEIRA: Fala pro teu gatão que que tá acontecendo.

 

HELENA: Você sabe que eu quero acabar com o Batista e com a Mauricéa, né? Bom, eu tava contando com o marido da Mauricéa, o Alaor, pra isso. E eu fui procurar ele pra revelar a traição, e ele topou destruir eles dois junto comigo… ele ficou de descobrir algumas coisas sobre a Mauricéa ontem, de fazer uma investigação, só que depois disso ele simplesmente desapareceu. Ele não me responde e eu não sei mais o que aconteceu com ele… a última coisa que ele fez antes de sumir foi me mandar um vídeo, me revelando um segredo dela.

 

CAVEIRA: E tu acha que pode ter acontecido alguma coisa de grave?

 

HELENA: Pior que sim…

 

• Nesta hora, o celular de Helena vibra e ela rapidamente pega-o para conferir. Ela abre a notificação e dá de cara com uma notícia: “Integrante da família Veiga de Oliveira, Alaor Veiga está desaparecido”. Helena entra em estado de choque com a notícia e logo algumas lágrimas começam a se formar no seu rosto ao mesmo tempo que ela sente um ódio profundo. Caveira se assusta com a reação dela.

 

HELENA (Chorando/Ódio): MERDA!

 

CAVEIRA (Assustado): O que foi que aconteceu?!

 

HELENA (Chorando): O Alaor foi dado como desaparecido pela polícia! QUE INFERNO! PUTA QUE PARIU!

 

• Caveira a abraça, ela chora nos braços dele.

 

HELENA: Ele não desapareceu, a essa altura ele já tá morto… a Mauricéa ou o Batista devem ter descoberto alguma coisa… e foi tudo culpa minha. FUI EU QUE COLOQUEI ELE NESSE PLANO, EU ACABEI COM A VIDA DELE!

 

CAVEIRA: NÃO! TU NÃO TEM CULPA! Tu não tinha como imaginar que uma merda dessas ia acontecer, sereia…

 

• Nos afastamos do casal. Helena chora compulsivamente enquanto é abraçada por Caveira. Instrumental triste…

 

CENA 17: (Comunidade do Cantagalo. Dia.)

 

• Começa “KYAN & MU540 - USD, é USD!” e temos uma visão ampla da comunidade do Cantagalo em ângulo aéreo. Vamos descendo em direção às vielas da comunidade e vemos uma série de carros e caminhões adentrando o local, todos sendo estranhados pelos moradores do local, por nunca terem sido vistos antes. Os carros, do tipo picape, carregam materiais de construção, principalmente em madeira. No meio do trajeto, os carros se separam dos caminhões e vão cada um pra um canto. Focamos em cortes descontínuos que mostram os motoristas desses carros descendo deles e montando pequenas barraquinhas de jogo do bicho pela comunidade, todas com o nome “Fézinha do Touro”, já indicando que as bancas montadas são todas de Batista, são os homens dele que estão implantando os pontos na comunidade. Em outro foco agora, vemos os motoristas dos caminhões estacionando em frente ao galpão de Rico e rendendo os seguranças do local, para que eles abram os portões. Eles adentram o galpão e começam a mexer nas máquinas de Rico e descarregar alguns caça-níqueis velhos e defeituosos ali. Nos afastamos do galpão e vemos um homem observando toda aquela movimentação incomum de cima do morro do Cantagalo. Ele pega um celular e faz uma ligação.

 

HOMEM: Alô, seu Rico?

 

CENA 18: (Mansão dos Veiga. Suíte Rico. Interior. Dia.)

 

• Rico falando ao telefone.

 

RICO: Alô? Sou eu mesmo. (...) Uma movimentação estranha aí na minha área? O que foi que aconteceu, mano? (...) (Furioso): COMO É QUE É A HISTÓRIA, CARA?! (...) Olha só, não faz nada ainda. Eu já sei como é que eu vou resolver essa porra!

 

• Rico sai da sua suíte furioso, batendo a porta.

 

RICO (Off/Gritando): PATRÍCIO, PREPARA O CARRO!

 

CENA 19: (Mansão dos Veiga. Exterior. Dia.)

 

• Rico saindo de casa furioso, guardando o celular, ajeitando o relógio no pulso, aparentemente muito estressado. O motorista vindo atrás dele, a postos. Rico ofegando de ódio por ter as suas áreas invadidas. Ainda com raiva, ele abre o portão, e se surpreende com o que vê ao abrí-lo: Maria Brunessa. Começa “Major Lazer ft. Anitta & Pabllo Vittar - Tua Cara”.

 

MARIA BRUNESSA: Rico, homem! Até que enfim essa joça abriu, hein. Tô tocando essa campainha há uma hora! Vem cá, deixa eu te dizer uma cois… (Reparando em Rico): garoto, o que aconteceu? Tu tá faltando soltar fumaça pelo nariz!

 

RICO (Gélido): Desculpa, Bru, mas é que eu tô com pressa pra resolver um probleminha aí, vou ter que sair agora.

 

MARIA BRUNESSA: Sem problemas, mô, até porque eu vim pra passar uns dias aqui na sua mansão. Eu já sou de casa, posso ficar, né? Ou tu esqueceu do nosso acordo?

 

RICO: Não, imagina… é claro que você pode ficar. Fica à vontade, agora dá licença que eu tenho que sair daqui voando, tá bom. Desculpa aí.

 

• Ele sai rapidamente, deixando Maria Brunessa para trás. Entra no carro e o motorista arranca com o veículo dali. Maria Brunessa só observa, sorrindo e mordendo o lábio, tramando algo.

 

MARIA BRUNESSA (Astuta): Pode deixar que eu vou ficar bem à vontade, riquinho… (Analisando a mansão ao fundo): Nossa, que casão! Mansão com M maiúsculo!

 

• Ela adentra a mansão, desfilando tal qual uma miss.

 

• Trilha encerra e corta para um take aéreo do barraco-base dos traficantes na comunidade do Cantagalo. Vamos nos aproximando. Instrumental tenso.

 

CENA 20: (Comunidade do Cantagalo. Barraco-base. Interior. Dia.)

 

• Cantagalo fuma sozinho, olhando a janela do barraco, vendo toda a comunidade lá embaixo. De repente, ele escuta batidas na porta do barraco e se direciona para abrir. Tira todas as trancas e abre a porta. Se depara com Rico à sua frente, irônico. Sarcástico, faz um sinal de “abre alas” para o homem entrar. Rico adentra o barraco e olha tudo ao redor.

 

RICO (Furioso): Ainda bem que tu tá sozinho, porque o papo que nós vai levar aqui é bem particular!

 

CANTAGALO (Sarcástico/Rindo): Conte-me o que vos aflige, seu Ricardo…

 

• Rico corta o riso do rapaz quando avança no homem e o pega pelo colarinho da blusa, encostando ele na parede e deixando os rostos bem próximos. Cantagalo ri, achando aquilo patético.

 

CANTAGALO: Qual foi, mano? Vai me beijar, é?

 

RICO (Furioso): Para com as tuas brincadeirinha que eu tô falando sério agora, cara!

 

• Cantagalo segura Rico pelo seu colarinho também, com uma força proporcional à que o homem vinha lhe segurando.

 

CANTAGALO (Ódio): Eu tô sendo muito tolerante de te deixar falar assim comigo, rapá.

 

RICO: De lado que tu tá, hein, cara? Ou tu acha que eu não ando vendo que o Batista tá aprontando pra caralho aqui na comunidade? É TU QUE TÁ DEIXANDO ELE ENTRAR, PORRA!

 

CANTAGALO: E se eu tiver, mano? Tu vai fazer o quê?!

 

RICO: TU ME VENDEU ESSA ÁREA E EU TE PAGUEI MUITO POR ELA!

 

CANTAGALO: ESSA ÁREA É MINHA, RICO! E EU VENDO ELA QUANTAS VEZES PRA QUEM EU QUISER!

 

RICO: Pois é, só que agora vai começar um fogo cerrado entre eu e o Batista e tu vai ter que escolher de que lado tu vai ficar, porra! Tu vai fortalecer o time de quem?! PARA COM ESSE TEU JOGUINHO DUPLO E DECIDE LOGO, CARALHO!

 

• Eles se encaram. Cantagalo com uma resposta na ponta da língua e Rico, furioso.

 

(FIM DO EPISÓDIO)

17/11/2025

 

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