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Geração: O Mundo é Nosso - Capítulo 05


Web Novela
Autor: Eduardo Lovardes

 

Abertura:

Cena 01: (Hospital Santa Isabel / Sala da recepção / Interna / Fim de manhã)

Fabinho, Ana, Bruno, Gabi e Rafael entram nervosos no hospital, acompanhando Jaque. Eles são barrados pelo médico.

 

MÉDICO – Vocês só podem acompanhar até aqui.

 

FABINHO – Mas a gente quer saber como ela tá.

 

GABI – Pois é, ficamos com ela a noite toda, precisamos saber o estado de saúde dela.

 

MÉDICO – Não se preocupem. Assim que tivermos certeza do estado da paciente, mandaremos notícias pra vocês.

 

Eles se sentam, enquanto Fabinho anda de um lado pro outro.

 

RAFAEL – Calma aí, garoto. Desse jeito vai acabar com o carpete.

 

FABINHO – Tô preocupado com a menina, não posso.

 

ANA – Relaxa, meu pai trabalha aqui. Ele pediu pra nos relatar qualquer mudança de saúde dela. Já volto.

 

Ana se retira, deixando-os sozinhos.

 

GABI – Será que ela tem algum parente aqui em São Paulo?

 

BRUNO – Com certeza sim, mas como vamos saber?

 

RAFAEL – Por que não tentamos a bolsa dela? Deve ter alguma coisa referente a ela.

 

GABI – Boa ideia, deixa eu ver aqui.

 

Gabi abre a bolsa de Jaque e procura algum número de telefone ou algo do tipo.

 

Cena 02: (Hospital Santa Isabel / Corredor)

Ana anda pelos corredores do hospital e encontra seu pai conversando com outro funcionário.

 

ANA – Pai, que bom que te encontrei.

 

ROGER – O que aconteceu, Ana? O que faz aqui?

 

ANA – Aconteceu um acidente com uma menina que estava comigo. Ela tá grávida, passou mal e agora tá internada aqui.

 

ROGER – E o estado dela é grave?

 

ANA – Isso que quero saber. Preciso que o senhor me informe sobre qualquer mudança no estado de saúde dela.

 

ROGER – Claro, filha. Essa não é minha área, mas conheço o cirurgião. Peço pra ele me informar sobre qualquer coisa.

 

ANA – Valeu, pai. É muito importante isso.

 

Cena 03: (Colégio Prestígio / Sala de Marcelo)

Marcelo lê um site sobre a manifestação e fica preocupado. Raquel entra na sua sala.

 

RAQUEL – Com licença, diretor Marcelo, posso entrar?

 

MARCELO – Claro que pode. E quantas vezes preciso repetir pra me chamar apenas de Marcelo?

 

RAQUEL – Desculpe, é o hábito. Vim aqui apenas para confirmar onde ficará minha sala.

 

MARCELO – Claro, é a sala 302, no segundo andar. Aqui está sua chave.

 

RAQUEL – Obrigada. Mas o que está deixando você tão aflito?

 

MARCELO – Acabei de ler uma notícia na internet. Alguns alunos do Prestígio e de um colégio público se envolveram na manifestação de ontem. Parece que uma das jovens está internada.

 

RAQUEL – Que horror. Espero que ela se recupere logo.

 

MARCELO – Mudando de assunto... como está sua filha? Está se adaptando bem ao colégio?

 

RAQUEL – Tentando, né? Mas espero que ocorra tudo bem.

 

Cena 04: (Colégio Prestígio / Área de entrada)

Alina está sentada, emburrada, vendo os outros alunos conversarem. Lio se aproxima dela.

 

LIO – E aí, garota? Você é nova aqui, né?

 

ALINA – Alguma vez você já me viu aqui? É claro que sou novata, que pergunta...

 

LIO – Calma, não precisa ser ignorante. Só queria conversar com você, ser seu amigo.

 

ALINA – E eu tenho cara de fazer amigos? Me deixa em paz, menino.

 

Alina sai bufando.

 

LIO – Credo, que menina malcriada.

 

DADO – Que foi, Lio?

 

KA – Conta o babado pra gente!

 

LIO – Aquela garota nova. Mal entrou e já foi grosseira comigo. Eu, hein.

 

DADO – Relaxa, mano. As garotas são assim mesmo. Nunca vamos conseguir entender.

 

KA – Você para, hein, Dado. Isso é conselho que se dê?

 

DADO – Ué, não é verdade?

 

Cena 05: (Hospital Santa Isabel / Sala da recepção)

GABI – Achei um número na bolsa!

 

BRUNO – Deve ser dos pais dela. É melhor ligar.

 

FABINHO – Deixa que eu ligo. Tenho crédito no celular.

 

Cena 06: (Casa de Regina / Sala / Interna)

O celular de Regina toca e ela vai atender.

 

REGINA – Alô, quem fala?

 

FABINHO – Alô, a senhora é responsável pela Jaqueline Garcia?

 

REGINA – Sou mãe dela. Aconteceu alguma coisa?

 

FABINHO – Sinto muito lhe dizer isso, mas sua filha está internada e com risco de perder o bebê.

 

REGINA (NERVOSA) – Bebê? Minha filha tá grávida e eu não sabia disso?! Me dê o endereço desse hospital, por favor!

 

FABINHO – Hospital Santa Isabel, em Higienópolis.

 

Regina desliga o telefone e sai apressada.

Cena 07: (Colégio Prestígio / Área principal)

A cena mostra vários alunos conversando. Manu está lanchando quando começa a ser vítima de bullying.

 

NAT – Olha quem encontramos aqui, a gorda da Manuela.

 

CÁSSIO (RINDO) – Galera, olhem só! A Free Willy parou pra comer. Isso não é novidade. Afinal, pra ser gorda desse jeito, precisa comer toneladas.

 

NANDA (RINDO) – Não diz isso, Cássio. Vai magoar a baleia, ou melhor, a gordinha. É menos ofensivo, ela pode ficar magoada.

 

MANU (GAGUEJANDO) – Vocês não têm mais nada pra fazer?... Me deixem em paz.

 

NAT – Oh, gente! Coitada, a gorda tem sentimentos. Vai chorar!

 

Alina e Lio aparecem pra defender Manu.

 

ALINA (SÉRIA) – Vocês não têm mais nada pra fazer? Deixem a garota em paz.

 

CÁSSIO – Opa, chegaram os salvadores da pátria. Tô morrendo de medo.

 

LIO – Cara, é sério. Para de ser babaca.

 

CÁSSIO – Como é que é?

 

ALINA (SÉRIA) – B-A-B-A-C-A. Entendeu? Ou quer que eu desenhe?

 

NANDA (RINDO) – Uiii, essa doeu em mim!

 

CÁSSIO – Babaca é você, garota esquisita.

 

LIO – Deixa ela, Cássio. Desse jeito só comprova sua babaquice.

 

CÁSSIO – Vou te mostrar quem é babaca!

 

Cássio dá um soco em Lio, que revida. Forma-se uma confusão, mas são separados por Dado e Ka.

 

DADO – Que isso, parem de brigar! Tá todo mundo olhando!

 

KA – Parecem duas crianças!

 

LIO – Me soltem, já me acalmei.

 

CÁSSIO – Claro, sabe que eu ia quebrar tua cara.

 

Vendo isso, Manu sai correndo.

 

KA – Tá vendo o que vocês fizeram? Deixaram a Manu magoada.

 

CÁSSIO – Esquece essa gorda. Ela é chorona, não aguenta uma brincadeirinha.

 

LIO – Acontece que bullying não é brincadeira.

 

Cena 08: (Hospital Santa Isabel / Quarto 108)

Jaque começa a despertar e se depara com sua mãe acariciando seus cabelos.

 

JAQUE (SONOLENTA) – Mãe... você aqui? O que aconteceu? Cadê meu filho?

 

REGINA – Calma. Você tá em estado de observação e, felizmente, não sofreu um aborto espontâneo. Tá tudo bem.

 

JAQUE (SONOLENTA) – Pelo menos isso... Mas minha cabeça ainda tá doendo muito.

 

REGINA – Isso logo passa, filha. Deve ser efeito dos remédios. Seus amigos estão aqui.

 

JAQUE (SEM ENTENDER) – Que amigos?

 

Jaque olha pros lados e se surpreende com a presença de Ana, Bruno, Fabinho, Gabi e Rafael.

 

GABI – Já tá melhor, garota? Ou melhor, Jaque?

 

JAQUE (SONOLENTA) – Pois é... Mas como sabem meu nome?

 

ANA – A gente viu na sua identidade. Vasculhamos sua bolsa pra tentar telefonar pra sua mãe.

 

FABINHO – Você deu um susto em todo mundo.

 

RAFAEL – Nem me fale! Achamos que ia morrer ou acontecer algo pior.

 

Ana olha com um olhar de reprovação.

 

RAFAEL – Que foi? Não é verdade?

 

ANA – Não liga pra ele. O importante é que você já tá melhor.

 

REGINA – Logo, logo você recebe alta e poderá voltar pra casa comigo.

 

Cena 09: (Colégio Prestígio / Sala de Marcelo)

Marcelo analisa a tela do computador, meio aflito. Raquel entra em sua sala.

 

RAQUEL – Me chamou, Marcelo? Aconteceu alguma coisa? Algum problema com alunos?

 

MARCELO – Não, nada disso. Aliás, tem a ver com os alunos sim — os do Prestígio que estiveram envolvidos na manifestação.

 

RAQUEL – Sim, você já me contou. Mas o que isso tem a ver com meu trabalho?

 

MARCELO – Tudo. Quero fazer uma reunião com os pais dos alunos que estiveram na manifestação. Essa é a oportunidade perfeita pra você exercer seu trabalho — e, principalmente, pra unir a escola pública com a particular.

 

RAQUEL – Claro. Acho isso uma excelente ideia. Quando quer marcar essa reunião?

 

MARCELO – Por mim, amanhã mesmo.

 

Cena 10: (Hospital Santa Isabel / Sala da recepção)

Fabinho sai do quarto e vai até a recepção, onde analisa as mensagens que recebeu. Ele tenta ligar pra mãe, mas não consegue.

 

FABINHO – Que droga. Só dá caixa postal. Precisava falar com ela.

 

Nesse instante, Valentina entra nervosa no hospital.

 

VALENTINA – Fábio, até que enfim te encontrei!

 

FABINHO – Mãe?! O que a senhora faz aqui?

 

A imagem congela em Fabinho, e linhas coloridas atravessam a tela.

Créditos:

27/03/2020

 

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