Geração: O Mundo é Nosso - Capítulo 02
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Autor: Eduardo Lovardes
Abertura:
Cena 01: (Casa de Jaque / Interna / Fim de manhã)
Aldo, não acreditando na notícia, manda a filha repetir novamente.
ALDO – Como é, que ainda não entendi. Você o quê?
JAQUE – Eu tô grávida.
ALDO (GRITANDO) – Você ficou louca? Como você engravidou?
JAQUE (CHORANDO) – Pai, desculpa. Aconteceu. Quando vi, já tinha acontecido.
ALDO (GRITANDO) – Nunca ouviu falar em camisinha? E não me chame mais de pai! Você não é mais minha filha! Você é uma incompetente e irresponsável!
TÚLIO – Por favor, seu Aldo, a Jaque está arrependida disso.
ALDO (GRITANDO) – Cala a boca! Foi bem você que engravidou ela!
JAQUE – Não foi ele. O pai da criança eu não conheço, a gente ficou uma vez numa festa.
Aldo dá um tapa em Jaque, que está chorando.
ALDO (GRITANDO) – Fora daqui! SOME DA MINHA FRENTE!
JAQUE – O que você tá fazendo, pai?
ALDO – Não quero mais você nessa casa! Vai embora! Não gosta tanto de viver na rua? Então é lá que você vai morar a partir de hoje!
Aldo pega Jaque pelo braço e a leva pra fora de casa, jogando suas roupas no meio da rua. As pessoas assistem à cena, horrorizadas com o ato dele. Jaque e Túlio ajuntam as roupas.
ALDO (GRITANDO) – Você só me deu desgosto! SOME DAQUI AGORA, SUA... PIRANHA!
JAQUE (CHORANDO) – Pai... por favor, não faz isso.
TÚLIO – Vamos, Jaque, vem.
Cena 02: (Colégio Prestígio / Sala de Marcelo)
Raquel e Marcelo estão conversando.
MARCELO – Espero que goste do colégio.
RAQUEL – Tenho certeza que irei gostar, com certeza. Também queria te agradecer por ter dado uma bolsa de estudos pra Alina.
MARCELO – Imagina, faço questão que sua filha estude conosco. Ela vai adorar o colégio.
RAQUEL – Tomara. Ela tem um gênio muito forte, quase não tem amigos.
MARCELO – Isso vai mudar a partir de agora. Ela será muito bem recebida no Prestígio. Agora vamos conhecer seus novos amigos.
RAQUEL (RINDO) – Vamos.
Cena 03: (Colégio Prestígio / Sala de aula)
O professor está explicando a matéria quando Marcelo bate na porta.
MARCELO – Com licença, professor. Desculpe interromper sua aula.
PROFESSOR – Pode entrar, diretor.
MARCELO – Queria apresentar à turma do 3º ano a nova psicóloga do colégio. Este ano vocês terão muita pressão por causa do vestibular, e quando precisarem é só procurá-la.
RAQUEL – Bom dia, alunos. Me chamo Raquel Campelo e, como o diretor disse, serei a psicóloga da instituição. Então, sempre que estiverem com algum problema, não hesitem em me procurar. Estou aqui pra ajudá-los, tudo bem?
ALUNOS (CORO) – Claro.
Dado se vira pra Lio.
DADO – Nossa, mano, tô vendo que vou adorar esse semestre.
LIO – Cara, ela só é a psicóloga do colégio, e pra todos os efeitos você é apenas o aluno.
DADO – Relaxa. Só tô dizendo que ela é mó gata. Não seria louco de dispensar a Ka.
Raquel interrompe a conversa.
RAQUEL – Estou atrapalhando a conversa da dupla?
LIO – Claro que não. A gente só estava discutindo sobre a matéria, né, Dado?
DADO – Pensei que estávamos falando o quanto ela é gata.
LIO – Não liga pro Dado. Ele não bate muito bem da cabeça.
Lio dá um tapa de leve na nuca de Dado. Os outros alunos caem na risada.
Cena 04: (Colégio Prestígio / Área principal)
LIO – Boa, né Dado? Tu e essa boca grande... por pouco não fomos suspensos.
DADO – Esquece isso. O importante é que não aconteceu nada.
Ka aparece e dá um soco no braço de Dado.
DADO – Por que você me bateu?
KA – Pela vergonha que me fez passar! Você dando em cima da psicóloga na minha frente. Agora terei fama de corna!
LIO – Deixa eu sair. Não quero participar de DR de casal.
DADO – Aquilo era brincadeira, caí na zueira.
KA – Acontece que nem de tudo devemos tirar graça.
De outro ângulo, Fabinho, Cássio, Nat e Nanda conversam sobre a festa da Ana.
CÁSSIO – E aí, vocês vão na festa que vai rolar na casa da Ana?
NANDA (DEBOCHANDO) – Eu vou, com certeza. Afinal, serei a animação da festa.
FABINHO – Da festa e dos garotos, né?
CÁSSIO – Ah não, de novo essa briga de vocês...
NAT (RINDO) – Não me diga que ainda estão naquele lance pra ver quem pega mais garotos.
FABINHO – Claro. Tenho uma reputação.
CÁSSIO – Que reputação, Fabinho? Esqueceu que a gente namora?
FABINHO – Ah, nada a ver. Temos um relacionamento aberto, esquece. Para de bancar o corno ciumento.
NANDA (RINDO) – Tá, né... Mas o casal do ano vai pra festa?
CÁSSIO – Eu vou.
FABINHO – Ainda tô na dúvida. Nem conheço a garota direito. Estudamos juntos faz três anos, mas nunca fui de conversar direito com ela.
NAT – Também vou. Não perderia essa festa por nada.
FABINHO (RINDO) – Sério? Tá ligada que a Ana não vai com a tua cara, né? Só quero ver essa cena, vocês duas juntas.
Cena 05: (Apartamento da Ana / Interna / Noite)
A cena mostra algumas pessoas dançando músicas agitadas. Ana está conversando com Ka.
KA – Amiga, não levava fé nessa festa, mas ó, tô de queixo caído! Isso aqui tá demais!
ANA – Que bom que estejam gostando.
DADO – Ka, vamos dançar?
KA – Claro! Não vim aqui pra ficar parada. Tchau, miga.
Ana se afasta e vai atender a porta, se surpreendendo com Bernardo, seu ex-namorado.
ANA (SURPRESA) – Bernardo? O que faz aqui?
BERNARDO – Vim pra festa da minha crush.
Cena 06: (Apartamento de Valentina e Fabinho / Interna)
Fabinho está escutando música enquanto digita no celular. Valentina entra no quarto.
VALENTINA – Pensei que fosse pra festa da sua amiga do colégio. Afinal, a noite pra você sempre foi sinônimo de sair pra se divertir.
FABINHO – Não tô no clima. Até porque nem sou muito próximo dessa garota.
VALENTINA – Precisamos ter uma conversa muito séria. É sobre seu pai.
FABINHO (VISIVELMENTE INCOMODADO) – Meu pai? De novo esse assunto? Já disse que não tenho pai.
VALENTINA – Pare de agir dessa maneira. O seu pai... Ele tá voltando pro Brasil, e quer conversar com você.
FABINHO (GRITANDO) – Como é?! Ele te abandona grávida, foge com outra e depois aparece como se nada tivesse acontecido?
VALENTINA – Filho...
FABINHO – Quero ficar sozinho, por favor.
Valentina sai do quarto. Fabinho liga pra Cássio.
FABINHO – Cássio, tá sem fazer nada? Que tal sairmos pra nos divertir um pouco?
Cena 07: (Balada / Interna)
A cena mostra Fabinho dançando loucamente a música Blame do Bastille.
NANDA – Cássio, é impressão minha ou seu namorado perdeu a noção do ridículo?
CÁSSIO – Que nada. Deixa ele aproveitar o pouco de liberdade que ainda lhe resta.
Fabinho continua dançando, tomando um copo de caipirinha. Um garoto começa a flertar com ele.
Cena 08: (Apartamento da Ana / Sala)
O pessoal continua dançando. Nat aparece na festa.
KA – Nat, você é debochada mesmo, né, more?
NAT – Calma, Ka. Vim na paz e apenas pra me divertir.
KA – Só quero ver a Ana quando...
ANA (INTERROMPENDO) – Não se preocupe, Ka. Por mais que eu não vá com a cara da Nat, ela pode ficar na festa.
NAT – Tá vendo, Ka? Agora deixa eu aproveitar essa baladinha.
Nat vai pra pista de dança, onde começa a chamar a atenção dos garotos.
KA – Essa garota se acha. Por que deixou ela entrar aqui?
ANA – Deixa ela. Afinal, periguete não perde nenhuma festa.
KA (RINDO) – Boa, miga.
Cena 09: (Balada / Interna / Bar)
Fabinho vai até o bar. O garoto que estava de olho nele o segue.
WILLIAM – Sabia que você é uma gracinha?
FABINHO (RINDO) – Que cantada mais fajuta, hein?
WILLIAM (RINDO) – Foi mal. Não sabia como chegar em você.
FABINHO – Não precisa de cerimônia. É só chegar, baby.
Na hora que Fabinho vai beijar William, Cássio interfere.
CÁSSIO – Posso saber o que tá rolando aqui?
WILLIAM – Opa, quem é você?
CÁSSIO – Sou namorado dele, panaca. Vaza.
WILLIAM – Não sabia que ele tinha dono.
FABINHO – Dono não, porque não sou cachorro. Cássio, quantas vezes tenho que repetir que temos um relacionamento aberto? Eu posso ficar com quem eu quiser e você também.
CÁSSIO – Não vou deixar vocês ficarem se beijando na minha frente. Tão loucos?
WILLIAM – Que foi? Vai querer bancar o corno valente, é?
CÁSSIO – Vou te mostrar quem é corno valente.
Cássio dá um soco em William, que revida. Os dois começam a brigar, mas logo são separados por Fabinho e Nanda.
NANDA – Parem com isso! Parecem duas crianças!
WILLIAM – Foi esse palhaço!
CÁSSIO – Palhaço é você!
FABINHO – Chega! Parem já com isso! Estão me fazendo passar vergonha!
Cena 10: (Ribeirão Preto / Rodoviária / Interna)
Jaque e Túlio chegam à rodoviária.
TÚLIO – Tem certeza que quer fazer isso mesmo? Você pode morar comigo.
JAQUE – Não imagina. Não quero dar trabalho pra você e sua mãe. Também quero tomar novos rumos pra minha vida. Esquecer tudo isso aqui.
O ônibus chega, algumas pessoas vão entrando. Túlio se despede.
TÚLIO – Acho que é um adeus, né? Não esquece: qualquer coisa que você precisar, pode contar comigo.
JAQUE – Obrigada, meu amigo, por tudo.
Os dois se despedem com um abraço. Depois, ela entra no ônibus e, da janela, acena para o amigo.
JAQUE (SUSPIRANDO) – São Paulo, aí vou eu.
A câmera mostra o rosto sério de Jaque.
A imagem congela em Jaque, e linhas coloridas atravessam a tela.
Créditos:
24/03/2020
©️ GS Literatura.