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"Afinal, nem toda lágrima é dor

Nem toda graça é sorriso

Nem toda curva da vida

Tem uma placa de aviso

E nem sempre o que você perde

É de fato um prejuízo."

 

- Bráulio Bessa

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CENA 01 (UNIVERSIDADE/INTERIOR/TARDE)

 

ᘚ Um instrumental dramático dá som a cena, o homem ao seu lado aperta o braço de Cícero ᘛ

 

HOMEM (NERVOSO): Vamos rapaz, se retire! Aqui não é lugar para choramingar! Temos muito o que fazer e você está atrapalhando o funcionamento de nossa universidade.

 

CÍCERO (SÉRIO/CHORANDO): Solte meu braço! O senhor ainda verá que pessoas do meu tipo crescendo e se tornando grandes indivíduos.

 

HOMEM (SORRINDO): Aqui não é lugar para contar piadas, saia logo!

 

ᘚ Cícero o encara, e logo depois cospe no chão da universidade ᘛ

 

CÍCERO (SÉRIO): Tenha uma boa tarde, senhor!

 

ᘚ Cícero se retira do local ᘛ

 

HOMEM: Escurinho atrevido!

 

CENA 02 (CASA DE CÍCERO/INTERIOR/TARDE)

 

ᘚ Amélia está sentada no sofá de sua casa, quando Cícero chega em lágrimas. ᘛ

 

AMÉLIA: Meu filho, o que aconteceu? Por que está chorando?

 

CÍCERO (CHORANDO): Não me aceitaram lá, eu não tenho o tipo correto para ser aluno.

 

AMÉLIA (SÉRIA): Como assim tipo?

 

CÍCERO (GRITANDO/CHORANDO): A minha cor mãe, minha cor! Esse é o tipo ruim de pessoas, não é assim?!

 

ᘚ Amélia se entristece junto com ele ᘛ

 

AMÉLIA (SÉRIA): Olha para mim, Cícero! Levante essa cabeça! Você não vai desistir, eu não aceito que abandone teus sonhos por causa disso. Ouviu?!

 

CÍCERO (NERVOSO): Por que eu não posso abandonar? Estou cansado te tudo isso! Cansei de ser injustiçado pela vida, não consigo mais suportar!

 

ᘚ Amélia coloca suas mãos no rosto dele ᘛ

 

AMÉLIA (SÉRIA): Olha onde está morando, olha as pessoas que te rodeia! Achas que em alguma vez a vida foi justa com elas? Pare de se iludir com a vida. Cícero, não será na lamúria que conquistará teus objetivos!

 

CÍCERO (CHORANDO): Não suporto levantar mais uma vez e ser derrubado. Se é nessa droga de vida que tenho de permanecer, então será aqui que ficarei!

 

ᘚ Amélia lhe dá um tapa em seu rosto ᘛ

 

AMÉLIA (GRITANDO): EU NÃO CRIEI FILHO COVARDE, E NÃO VOU ACEITAR ESSA TUA COVARDIA! QUER DESISTIR? POIS ENTÃO DESISTA! MAS SAIBA QUE VOCÊ SERÁ O TEU PRÓPRIO FRACASSO.

 

ᘚ Cícero continua em um profundo choro, Amélia vai se retirando do local ᘛ

 

AMÉLIA (SÉRIA): Quer vida justa? Então renasça. Ah, e renasça rico e de preferência branco! Talvez quem sabe assim a vida seja justa para você.

 

ᘚ Amélia sai do local. Cícero tomado pela tristeza e revolta começa a jogar seus livros no chão, em seguida ele sai rasgando as páginas deles, se seita no chão e chora, a câmera vai focando em suas lágrimas que molham os papéis ᘛ

 

CENA 03 (MANSÃO LEBLANC/SALA/INTERIORA/MANHÃ)

 

ᘚ A câmera se aproxima de Vera que aparece pensativa. ᘛ

 

||FLASHBACK - INÍCIO||

 

VERA: Você ainda a encontra, seu desvio já respondeu por ti. Luís, não sentes nada em sua mente quando me trai? Consegue fazer e não sentir culpa?

 

ᘚ Luís a encara ᘛ

 

LUÍS (SÉRIO): Vera, entre mim e você só existe respeito. Amor, se és isso que quer saber, não tem entre a gente!

 

ᘚ Com a fala de Luís, Vera começa soltar lágrimas de raiva ᘛ

 

VERA (CHORANDO): Você me destrói com suas palavras! Luís, não sei o motivo pelo qual ainda resisto a sua ignorância e falta de reciprocidade.

 

||FLASHBACK - FIM||

 

ᘚ Algumas lágrimas escorrem dos olhos de Vera, ao chegar de Marjorie no local ela as enxuga rapidamente ᘛ

 

MARJORIE: No que tanto pensas, minha sogra?

 

VERA: Nada, apenas besteira. E o Henry, onde está?

 

MARJORIE: Foi para a fábrica junto com o Luís. Esses homens só pensam em negócios!

 

ᘚ Elas abrem um discreto sorriso ᘛ

 

MARJORIE (SÉRIA): Percebo que está abatida, Vera. Não quer sair um pouco? Sentir um ar, comer um doce e tomar um chá?

 

VERA (SORRINDO): Seria um alívio para mim, se puder me acompanhar será incrível!

 

MARJORIE: Claro que posso.

 

VERA: Então espere um instante, vou me ajeitar um pouco e já vamos.

 

ᘚ Marjorie sorri, e ao Vera virar as costas ela revira os olhos e faz um expressão de deboche ᘛ

 

CENA 04 (PRAÇA/EXTERNA/TARDE)

 

CLOE: Achei bem simpática a Antônia, me parece ser uma boa pessoa.

 

ALICE: Também tive a mesma impressão. Os quadros que ela nos mostrou, meu Deus, um mais lindo que o outro! Aquele em que a mulher chora ao ver a irmã morta, só que com um sorriso no rosto é arrepiante.

 

CLOE (SORRINDO): Só que agora falando de outro arrepio... E o seu galã que lhe roubou um beijo?

 

ALICE (SORRINDO): Não o vejo desde do carnaval. Pensei que iria me procurar, mas não... Nem notícias deu.

 

CLOE: Ora, tu sabes onde ele trabalha, por que não vai atrás? Se quer tem que ir buscar.

 

ALICE (SORRINDO): Somos idealistas por nossa independência, mas ainda acho um charme bancar a donzela do século dezenove.

 

ᘚ Alice e Cloe soltam risadas ᘛ

 

ALICE: Mas e você, não achou nenhum rapaz para se divertir?

 

CLOE: A única coisa que consegui foi um palerma que jogou bebida em mim no meio daquela confusão que é o carnaval.

 

ALICE (SORRINDO): Daqui a pouco você acha um rapaz charmoso para passar os dias, tempo terás de sobra.

 

ᘚ Cloe sorri. ᘛ

 

CENA 05 (CASA DE HILDA/INTERIOR/TARDE)

 

ᘚ Todos estão sentados à mesa.ᘛ

 

CARMEN: Olha esse arroz, parece mais uma lavagem de porcos! Aurélio, sua mulher não serve para nada.

 

HILDA (SÉRIA): Se a senhora não gosta espero que vá para a cozinha e faça seu próprio almoço!

 

CARMEN: Era o que eu deveria ter feito, pelo menos assim teríamos um almoço decente.

 

AURÉLIO (GRITANDO): Pelo amor do Senhor, parem com essa discussão! Só quero poder almoçar em paz.

 

HILDA (SORRINDO): E vai almoçar, pois segui a dica da Madame luz no rádio hoje, tenho certeza que irá gostar.

 

CARMEN: Eu sabia! Você já foi corrompida por essa invenção maligna, Hilda você queimará no fogo do inferno.

 

HILDA: Acho mais provável a senhora queimar lá junto com seus vinte metros de língua do que eu! Velha rabugenta.

 

PABLO: Quando quiserem parar de brigar avise-nos, estarei esperando para comer.

 

ᘚ Por instantes elas olham para Pablo, mas em seguida voltam a discutir. Aurélio olha para seu filho e os dois se retiram do local ᘛ

 

CENA 06 (CONFEITARIA/INTERIOR/TARDE)

 

ᘚ A câmera mostra Glória, Celine e Estela em uma mesa, elas conversam e aparentam estarem felizes. Nesse momento Vera e Marjorie entram no local e ao olhar em seu redor Vera vê Glória, um instrumental de tensão se inicia e as duas se olham fixamente ᘛ

 

MARJORIE (ESTRANHANDO): Aconteceu algo, por que estás séria?

 

VERA: Não é nada, vamos nos sentar logo!

 

ᘚ Vera se senta, em vários takes é mostrado ela encarando Gloria. A câmera se dirige até a mesa da mesma ᘛ

 

GLÓRIA (SÉRIA): Me deem licença, preciso ir ao toalete.

 

ESTELA (SORRINDO): Claro, pode ir. Eu e Celine vamos ficar aqui conversando.

 

ᘚ Glória se levanta e sai andando, em seguida Vera também faz a mesma coisa ᘛ

 

ESTELA (SORRINDO): Você está linda, Celine. Digna de uma atriz francesa!

 

CELINE (ENVERGONHADA): Obrigada, você também está bela!

 

ᘚ Elas continuam a conversa e a câmera se aproxima da porta do toalete feminino ᘛ

 

CENA 07 (TOALETE/INTERIOR/TARDE)

 

ᘚ Glória se olha no espelho, a expressão em seu rosto aparenta surpresa por ter encontrado Vera no local. Ela joga água em seu rosto, e ao olhar novamente para o espelho vê Vera atrás dela ᘛ

 

VERA (SÉRIA): Até que fim podemos nos encontrar, pensei que só te veria de longe. Me diz, como tem sido as noites acompanhada de meu esposo?

 

ᘚ Sem reação Glória nada diz ᘛ

 

VERA (NERVOSA/GRITANDO): VAMOS ORDINÁRIA, ME DIZ!!!

 

GLÓRIA (SÉRIA): Acho melhor a senhora manter a compostura...

 

VERA (GRITANDO): ORDINÁRIA, MERETRIZ SEM CARÁTER ALGUM!

 

ᘚ Vera efetua um tapa no rosto de Glória, essa que rapidamente revida ᘛ

 

A IMAGEM CONGELA EM VERA, E GANHA UM EFEITO DE FILME ANTIGO.

 

Encerramento:

06/07/2021

 

©️ GS Literatura.